De acordo com os dados mais recentes, em Portugal todos os dias são diagnosticados 14 novos casos e ocorrem 11 mortes devido a esta patologia. Efetivamente, com uma relevância crescente, esta doença continua a ser diagnosticada, em mais de 60% dos casos, numa fase avançada em que as alternativas de abordagem surgem significativamente reduzidas. Para tal convergem múltiplos fatores, de que se salienta a quase inexistência de sintomas numa fase inicial e a existência de sintomas comuns e transversais a outras patologias. Acrescenta-se ainda um adiar do diagnóstico por receio do mesmo, ou a falsa perceção de segurança por parte dos não-fumadores.

Outro fator que tem contribuído para a prevalência desta patologia relaciona-se com o aumento do tabagismo por parte das mulheres, pelo que a prevenção primária deverá continuar a ser privilegiada no combate a este flagelo.

Não obstante a correlação frequente entre cancro de pulmão e tabagismo, esta patologia pode surgir em pessoas sem hábitos tabágicos, não sendo uma doença exclusiva dos fumadores, o que impele a uma maior abrangência em termos de público-alvo.

Importa referir que o diagnóstico atempado é da maior relevância quando se fala de cancro do pulmão, pelo que se afigura fundamental não desvalorizar eventuais sintomas, devendo sensibilizar-se as populações no sentido de estarem alertadas para os primeiros sinais. De facto, em Portugal ainda não existe um rastreio populacional, confinando à esfera individual essa primeira avaliação. Desta forma, urge implementar um programa de rastreio, a exemplo do que acontece com outras patologias oncológicas e seguindo o que se verifica nos principais países desenvolvidos do mundo.

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Nos últimos anos, a inovação no tratamento do cancro do pulmão tem sido notável, a vários níveis, proporcionando mais e melhor qualidade de vida a quem se defronta com esse diagnóstico. No entanto, o acesso e equidade no tratamento são também aspetos da maior importância, sendo que o melhor tratamento deverá ocorrer em tempo oportuno para todos os doentes.

Numa época em que a medicina caminha em direção à personalização, quando falamos em cancro do pulmão devemos compreender que cada cancro tem o seu próprio perfil. De tudo isto ressalta a necessidade de o cidadão comum estar capacitado para assumir o papel ativo ao longo da vida, nomeadamente nesse processo de gestão da sua própria saúde/doença.

A Pulmonale tem como uma das suas grandes missões informar, alertar e capacitar a população em geral sobre cancro do pulmão, desde logo, como referido, sobre a prevenção.

Para além das suas atividades correntes, desde a prevenção primária até ao apoio ao doente e cuidadores e a nível da cessação tabágica, todos os anos, no mês de novembro, implementa uma campanha nacional de sensibilização, sendo o mote escolhido para este ano a singularidade de cada doente e a importância do seu envolvimento no seu próprio processo. Esperamos assim, contribuir para uma sociedade mais igualitária e mais combativa no plano da promoção da saúde e prevenção da doença.