Com a intensificação das alterações climáticas, ganha força uma nova visão para as cidades: transformá-las em espaços que, em vez de aumentarem as emissões, ajudem a reduzi-las. Este futuro aposta na madeira como material de construção central, aproveitando a sua capacidade única de sequestrar e armazenar CO₂ — uma solução natural, renovável e eficaz.
O que torna a madeira especial neste contexto? À medida que crescem, as árvores absorvem dióxido de carbono da atmosfera, armazenando-o na sua estrutura. Quando construímos com madeira, o carbono armazenado fica retido na estrutura do edifício.
Cada metro cúbico de madeira retira aproximadamente 1.000 kg de CO₂ da atmosfera. Neste sentido, um edifício que utilize 1.000 metros cúbicos de madeira poderia armazenar cerca de 1.000.000 kg (ou 1.000 toneladas) de CO₂, prevenindo que esse carbono contribua para o aquecimento global.
E como podem as cidades implementar esta visão de forma prática? A integração da madeira no tecido urbano pode ser feita de várias formas. Primeiro, há os edifícios em altura: arquitetos e engenheiros de todo o mundo já estão a erguer arranha-céus em madeira que são, simultaneamente, seguros e sustentáveis. Em países como a Noruega, o Japão e o Canadá, arranha-céus com até 18 andares de madeira estão a estabelecer um novo padrão de sustentabilidade. Projetos urbanos em madeira poderiam substituir grandes volumes de betão e aço.
Para além dos edifícios, também os espaços públicos podem beneficiar da madeira. Parques urbanos, áreas de lazer e pavilhões construídos com madeira podem servir não apenas como locais de convívio, mas como extensões do sequestro de carbono. A madeira nos equipamentos urbanos e nas infraestruturas verdes aumenta o armazenamento de carbono em todo o espaço público, promovendo, ao mesmo tempo, um ambiente mais saudável e esteticamente agradável para os cidadãos. Até mesmo a integração de mobiliário urbano em contribui para o objetivo de retenção de carbono.
Naturalmente, esta transição para a madeira em larga escala traz desafios. A ampliação da produção de madeira requer práticas de gestão cuidadosas para evitar impactos ecológicos negativos. Em florestas bem geridas, cada árvore cortada é substituída por novas plantações, continuando o ciclo de sequestro de carbono sem desflorestar. Com o aumento da procura por madeira, o investimento em florestas sustentáveis torna-se uma prioridade para garantir que esta prática é mantida de forma responsável e equilibrada.
Pensar em cidades construídas em madeira é imaginar um futuro onde as áreas urbanas invertem a tendência das alterações climáticas. A madeira, recurso renovável e biodegradável, tem o potencial de transformar as cidades em ferramentas de captura de carbono. Um desenvolvimento urbano sustentável e amigo do ambiente está ao nosso alcance, e a madeira pode ser o caminho para essa realidade.