As tecnologias imersivas têm vindo a destacar-se no mundo digital, com aplicações em vários setores, e estão a abrir caminho para uma nova era: a aprendizagem imersiva.

Mas, afinal, será que a educação pode realmente mudar e render-se às inovações tecnológicas que estão a transformar o nosso mundo? E, se sim, de que forma podem contribuir para criar um sistema de educação mais inclusivo, personalizado e motivador para os nossos alunos?

Tecnologias imersivas

Quando nos referimos a tecnologias imersivas, estamos a falar de:

  • Realidade Aumentada (RA) – A RA permite adicionar elementos virtuais ao mundo real. No nosso dia-a-dia, encontramos exemplos desta tecnologia nos filtros de RA presentes nas redes sociais e no jogo Pokémon Go.
  • Realidade Virtual (RV) – A RV é a mais facilmente identificável das três. Permite-nos estar totalmente imersos em cenários virtuais, sem interagimos com o mundo real.
  • Realidade Mista (RM) – Como o próprio nome sugere, combina componentes da RA e da RV, permitindo-nos interagir com elementos virtuais no mundo real.

Estas tecnologias formam o que chamamos de Realidade Estendida (ou, em inglês, Extended Reality, abreviado como XR).

Até onde “se estende” a aprendizagem imersiva?

A aprendizagem imersiva vai muito além da forma tradicional de transmitir conhecimento. Proporciona aos alunos uma experiência interativa e envolvente, tornando-os parte ativa da sua educação.

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Apesar de existir cada vez mais interesse em adotar este método de ensino no nosso país, são poucas as escolas que, até agora, ofereceram uma experiência imersiva aos seus alunos.

No ensino superior, existem já vários exemplos de aprendizagem imersiva, como o Complete HeartX. Esta aplicação ajuda os estudantes de medicina a aprofundar os seus conhecimentos sobre o coração e a desenvolver as suas competências acerca de intervenções necessárias, através da interação com um modelo tridimensional, num ambiente seguro.

A educação não se limita apenas à sala de aula e é por isso que já existem cirurgiões a realizar procedimentos complexos através de simulações guiadas em RA.

Em Portugal, existe o projeto MetaBreast, desenvolvido no Centro Champalimaud, que combina RA com Inteligência Artificial no tratamento do cancro da mama.

Oportunidades e desafios

Cada vez mais estudos científicos evidenciam o efeito positivo das tecnologias imersivas na educação. Hafner destaca que motivam os alunos, ajudam a compreender melhor conceitos complexos e permitem ajustar o ensino às necessidades individuais de cada aluno.

Há, claro, desafios neste tipo de aprendizagem. É fundamental que os professores e formadores adquiram competências mínimas para orientar os alunos nas experiências imersivas, o que levanta questões relevantes sobre a acessibilidade e igualdade no acesso a estas inovações.

Apesar do investimento inicial ser considerável, as tecnologias imersivas reduzem os custos de formação a longo prazo, especialmente no ensino superior. No ensino secundário, a aprendizagem imersiva é também viável, pois existem atualmente várias opções de equipamentos e softwares para diferentes orçamentos e objetivos.

O futuro da educação

As tecnologias imersivas têm o potencial de transformar a maneira como aprendemos, tornando-se um recurso valioso para a educação. Existem já várias opções que podem ser usadas na sala de aula, dependendo dos objetivos e níveis de ensino.

Através das tecnologias imersivas e de outras inovações emergentes, como a IA, podemos começar a transformar a educação. No entanto, é importante lembrar que o papel essencial dos professores em estimular e desenvolver capacidades não pode ser substituído.

Para fazermos esta mudança, temos de querer transformar este pilar fundamental da nossa sociedade, em prol de uma educação mais cativante, inclusiva e personalizada. Este é, certamente, um objetivo que vale a pena perseguir.

Maria Vilar é Engenheira Eletrotécnica pelo Técnico Lisboa, CEO da Immersiv Studios e board member da Euromersive.

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.