A escalada de tensões no Médio Oriente voltou a acontecer. O Irão lançou um ataque maciço a Israel, claramente dirigido a esgotar as defesas antiaéreas israelitas e causar o máximo dano possível. O Irão recorreu à táctica já bem experimentada por eles e pelos russos de escalar militarmente para logo a seguir de-escalar, dizendo que já chega, já se vingaram, e querem ficar por aqui. Com isso pretendem evitar uma resposta dolorosa. E da próxima vez tentam ir ainda mais longe no ataque.

É também o momento dos apelos ao diálogo, numa tentativa de evitar que as coisas piorem. Mas será razoável esse apelo, neste caso? Como é que se dialoga com alguém que jurou que fará tudo para te aniquilar? Podemos negociar um ‘bates-me mas só até aqui’? Há alguma divergência territorial ou económica que possa ser sanada entre o Irão e Israel para se negociar? Alguém acredita que é por uma qualquer ofensa aos valores xiitas que o Irão quer a destruição de Israel?

O Irão só não destruirá Israel se este estiver bem defendido e se souber que a tentativa terá um custo muito elevado. É a maneira de lidar com estados autocráticos agressivos: opor-lhes uma resistência forte. Sentirem que o custo que lhes será imposto pelo ataque é demasiado elevado para os benefícios que possa extrair.

Vem à cabeça o episódio do Lucky Luke, em que uma caravana de cowboys é atacada por um grupo de índios, e dois cowboys comentam entre si que o diálogo era muito mais fácil quando os índios não tinham espingardas.

Outro aspecto que vem logo ao de cima quando se fala em Israel e nos palestinianos é a defesa da criação de dois estados, um israelita e outro palestiniano. Mas será esta uma boa solução para o conflito? A criação de dois estados segregados religiosa e etnicamente? Com os meios e os instintos de se atacarem mutuamente na primeira oportunidade?

Não seria muito melhor a busca de uma solução com um estado único onde as diversas religiões e etnias convivessem pacificamente, procurando o bem comum? Isto pode parecer utópico, mas aconteceu durante muitos anos no Líbano, e acontece em outros países como Singapura. Para uma solução destas deve valer a pena dialogar.

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