É muito curioso como a democracia, depois de uma caminhada muito importante na defesa dos direitos da mulher, está hoje a ser pressionada e a ceder a teorias novas e totalmente inventadas, retrocedendo em muitas das conquistas que tinham sido conseguidas.

A teoria de género que se tem vindo a afirmar, principalmente nos partidos de esquerda, quer destruir muito daquilo que se foi construindo ao longo dos anos com o objetivo de defender e melhor preservar a condição feminina.

Na verdade, ao contrário daquilo que hoje se pretende afirmar, a defesa dos direitos das mulheres não passa por obrigá-las a deixar de ser mulheres inteiramente.

Uma mulher é um ser humano com características específicas, com qualidades únicas e que são essenciais a um verdadeiro desenvolvimento da sociedade. Por isso mesmo, tornou-se evidente que seria fundamental criar as condições para que a mulher se afirme, sem estar sujeita à vontade impositiva que, pela força física ou da lei, as possam diminuir.

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A ideia de que qualquer um se pode afirmar de um determinado género e que pode beneficiar do tratamento desse género, é, para além de um absurdo, um atentado aos direitos dos homens e das mulheres e coloca em risco todas as conquistas de afirmação do seu direito à diferença e à sua autonomia e intimidade.

A grande qualidade da natureza ao ter criado homem e mulher foi, fundamentalmente, a enorme vantagem da sua complementaridade e nunca da sua igualdade.

Ambos devem ser iguais no respeito, na autonomia, nos direitos humanos, no acesso às oportunidades, no tratamento, mas nunca nas suas características nem nos comportamentos.

Estas fazem parte do direito à nossa liberdade como pessoas.

O direito a sermos diferentes e indivíduos e não iguais e números.

A ciência tem vindo a dar passos no sentido de permitir a escolha de género e, ainda que seja um tema polémico, principalmente pelos efeitos ainda muito desconhecidos que tem nas pessoas que tomam essa difícil decisão, não deveria ser tão facilitado como tem vindo a ser proposto pelos políticos.

Deus fez-nos livres para escolhermos o nosso caminho e, sempre que decidimos em consciência, temos o direito de o fazer e não devemos ser julgados por isso.

No entanto, aquilo que também temos a certeza é que essa liberdade de escolher conscientemente o nosso caminho não pode nunca reduzir a liberdade que têm os nossos concidadãos de escolher os deles.

Não há cidadãos de primeira e de segunda, nem há escolhas melhores nem escolhas piores.

Ora, aquilo com que todos concordámos até agora, foi que as mulheres e os homens têm direito às suas diferenças e, nesse sentido, fomos conseguindo assegurar espaços e circunstâncias em que cada género tinha a seu próprio espaço de intimidade que lhe permitiria a sua tranquilidade nessa intimidade.

Hoje, aquilo que pretendem os defensores desta nova teoria que nada tem de sustentável e que ainda mais é preocupante pelos efeitos perniciosos que pode revelar em todos aqueles que sejam convencidos pelo facilitismo que governa os promotores – como já começam a aparecer nos Estados Unidos pessoas que vivem em enorme infelicidade e estão a pôr em tribunal os médicos que os operaram por não os terem demovido da sua decisão – em alguns casos chega ao absurdo de determinar que um qualquer homem ou mulher pode decidir que se vê do género oposto e que isso apenas lhe dá o direito de invadir uma casa de banho do sexo oposto, uma das causas mais emblemáticas do princípio dos direitos das mulheres.

Não há qualquer direito de forçar uma mulher a ter de aceitar na sua intimidade um homem que apenas decidiu que se vê como uma mulher, nem o contrário.

Nunca pode ser a decisão de cada um a determinar que os outros aceitem um comportamento diferente, que pode ser em tudo uma violação dos direitos que todos esses têm justamente como seus.

Aquilo que move a defesa destas teorias é, como sempre, a necessidade de afirmação por parte daqueles que, não tendo capacidade de apresentar soluções verdadeiramente úteis para o desenvolvimento da sociedade se apresentam sempre com ideias disruptivas, que é a única forma de terem o seu tempo de antena.

Mal vai o Mundo quando este é o critério da defesa da causa pública.