A frase que encima este escrito suponho que é de George Orwell, mas se não for, isso pouco importa, o que realmente interessa é que, hoje, como ontem, como amanhã, e como será em todos os tempos, esforçar-se alguém por dizer a verdade em tempos em que a mentira e o embuste tomam freio nos dentes e os meios de comunicação social e outros meios de difusão conluiados com o regime de quem de alguma forma dependem se tornam inalcançáveis a quem anseia chegar a eles, simples cidadão, associação de pessoas, ou mesmo agremiação partidária, com a genuína pretensão de expressar a verdade, nua e crua, sem quaisquer formas de a subverter, é realmente tarefa de monta, inatingível quase sempre por mais que se batalhe e se insista em fazer-se ouvir; invariavelmente é um esforço inglório, porque ‘essa verdade’, crua, tal qual é, sem paninhos quentes, não cabe dentro dos padrões das linhas editoriais das redacções dos media afectos ao sistema, por isso se silencia, se omite, se lança ao caixote do lixo das ‘incomodidades’, do que provoca comichão e faz torcer o nariz de desagrado, o que é, obviamente, uma forma capciosa de censura.

Quem não estiver de má-fé, concede que a grande maioria dos jornalistas é tendencialmente de esquerda, conotados com partidos políticos dessa aérea política, especialmente do PS, e que muitos deles, sem sequer já se darem ao trabalho de o esconder, em vez de se entregarem às exclusivas tarefas do caminho que escolheram, escrutinar as instituições e o governo, indagar e colher informação e noticiá-la limpa e sem aldrabices, dignificar a profissão com cabal cumprimento dos deveres de ética e de imparcialidade, se estão ao fim e ao cabo nas tintas para isso, e, sem sombra de quaisquer engulhos de princípios morais, tratam de pôr a profissão ao serviço de uma agenda política pessoal, tudo fazendo para, em situação privilegiada, com as vantajosas e inigualáveis condições que a carteira profissional lhes confere, deturpar e obliterar a verdade tal como ela é, escamoteando, manipulando, omitindo, distorcendo, achando que é seu desígnio a tarefa de moldar as mentalidades e de mudar o mundo.

Entre porventura outras razões, uma há que tem grandemente contribuído para a crise em que a maioria, se não mesmo a totalidade dos nossos media se encontram, e essa razão funda-se em especial na falta de credibilidade do jornalismo que se faz, na ausência dos deveres de ética e de imparcialidade, atributos que deveriam primar por ser sempre, mas sempre, a regra de ouro do jornalismo. Ora quando isso falha, quando o público comprador de jornais se capacita que está a comprar um produto adulterado e de fraca qualidade, faz o que normalmente costuma fazer em relação a qualquer outro tipo de produtos enganosos, deixa simplesmente de adquiri-lo porque ninguém, no seu perfeito juízo, está na disposição de comprar gato por lebre.

Não são apenas os centenários Jornal de Notícias e Diário de Notícias mais o Jogo e a TSF, do grupo Media Capital, que se encontram em situação precária, em agonia lenta, com várias dezenas de jornalistas desesperados, sem terem conseguido ver a cor do dinheiro dos seus ordenados de Dezembro e o subsídio de Natal, e, pior que isso, com o cutelo da ameaça do despedimento colectivo a pender-lhes sobre o pescoço. Também os restantes órgãos de informação não podem cantar de galo, de uma maneira geral todos eles se encontram com a corda das dificuldades de tesouraria na garganta, com passivos enormes, bem se podendo dizer que se encontram todos praticamente falidos, as sics, as tvis, a cnn/Portugal, e as rtps (autênticos órgãos oficiosos e de propaganda do governo e do PS), altamente deficitárias e que só ainda não colapsaram – não obstante receberem a dois carrinhos, dinheiro directamente dos nossos impostos e da publicidade paga – porque são robustamente subsidiadas pelo estado, insaciáveis sorvedouros de dinheiros públicos, outro tanto se podendo dizer em relação ao esquerdista jornal Público, com uma tiragem ridícula e que quase ninguém compra, mas que a SONAE, da família Azevedo, lá o vai ainda mantendo à tona à custa dos milhões que nele injecta para cobrir os imensos prejuízos.

Sempre que os jornalistas de esquerda teimam em por em prática a sua agenda partidária e mover-se pela cartilha ideológica que lhes foi ensinada nas escolas de jornalismo, também conhecidas por madrassas de lavagem ao cérebro, fazendo tabua-rasa dos deveres de imparcialidade e equidade, as coisas, porque as pessoas não são parvas, só podem dar para o torto. E há tantas formas de fazer uso da cartilha da agenda política. Dois ou três exemplos ao acaso: Quando os jornalistas de esquerda, que são todos, não, não são todos, existem honrosas excepções, entrevistam um líder político de direita, nas suas cabeças adensa-se o frenesim de o tentar ‘entalar’ por todos os meios, preparando com aturada minúcia as perguntas difíceis a fazer-lhe, tentando ‘apanhá-lo’ em contradições, ‘encostá-lo’ à parede, pô-lo em cheque; se porém o entrevistado é inteligente, sagaz e está bem preparado, o entrevistador desata a interrompê-lo constantemente, a cortar-lhe o fio do raciocínio, a tentar enervá-lo; se isso ainda assim não for suficiente, o jornalista empertiga-se, faz má cara, fala grosso e por cima das respostas do entrevistado, não o deixando explanar as suas ideias, impedindo-o de apresentar provas e factos do que diz, impossibilitando-o de dizer a verdade. Mas se se der o caso de o entrevistado ser alguém de esquerda, as coisas mudam de figura, a entrevista feita à medida não será mais que uma amena e agradável cavaqueira entre amigos, o entrevistado é tratado com bonomia e risos amistosos, as perguntas são feitas por encomenda e com a nítida intenção de deixar o convidado brilhar à altura, fazer um belo brilharete e tudo é lisura e denguice. Ou seja: para a direita o “escrutínio”, para a esquerda a “bajulação”. Outro exemplo de mau jornalismo: Num destes dias, a TVI passou, sobre brasas, a notícia de que, na América, um miúdo de onze anos, que chamara a polícia porque o pai estava a bater na mãe, havia sido morto a tiro dentro de casa por um polícia que ali ocorrera ao chamamento. Ora, como uma imagem vale mais que mil palavras, as imagens televisivas que foram mostradas na TVI não deixaram margem para dúvidas, o miúdo de onze anos abatido era uma criança negra, o pai que sovava a mãe é negro, e o polícia, que à queima-roupa assassinou a criança dentro de casa, também é negro. Há vários meses que este infausto acontecimento ocorreu lá pelas terras do Tio Sam, mas, por razões demasiado óbvias, fora mantido sigiloso, até que, tendo sido denunciado, lá acabou por só agora vir a público. Imagine-se, agora, o que aí não iria de alarido nos media nacionais e a nível planetário, de indignações e repulsas, de berreiros e arrepelões de cabelos, de protestos, de ódio, de ruidosas manifestações públicas, durante dias, semanas, meses a fio, se o polícia fosse branco, teríamos um novo mártir, um novo George Floyd, só que desta feita o símbolo do martírio rácico teria atingido maiores proporções ainda, o mártir era uma criança, uma criança negra, horrivelmente abatida a tiro às mãos assassinas de um polícia racista branco. Haveria um nunca mais acabar de entrevistas, de mesas redondas, um sem-número de editoriais e de artigos a martelar na mesma tecla, a aspergir indignações, fúrias e ódios ao homem-branco até à náusea. Milhentos outros casos de teor semelhante se poderiam acrescentar. Nem vale a pena já falar do triste e lamentável papel das televisões presentes no congresso do Chega, no último fim-de-semana, em Viana do Castelo, em que, numa descarada e ressabiada manipulação política, juntaram à sua volta uns grupinhos dos costumeiros ‘comentadeiros’ esquerdistas, com a finalidade exclusiva de, a cada intervenção do líder do partido, denegrirem e deitarem abaixo a imagem de André Ventura e do partido, de quem são ferozes e contumazes inimigos. Quem julga esta gente que engana? Assim se faz informação.

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