O último relatório “The Future of Jobs”, publicado pelo “The World Economic Forum”, diz-nos que a automação irá tomar conta de 5 milhões de empregos até 2020, e que este número continuará a crescer, tanto que há pouco mais de um ano, a Google registou uma patente para iniciar a construção de robots-trabalhadores com personalidade. Sim, leu bem: com personalidade.
Pergunto eu: será o emprego do futuro aquele que Harrison Ford desempenhou em Blade Runner? Um caçador de andróides?
Martin Ford, escritor americano, especula no seu novo livro “Rise of Robots” que a inteligência artificial e a robótica irão transformar grande parte da população laboral, tornando-a obsoleta, controlando assim grande parte da nossa economia. De “self-driving-cars” e robots semiautónomos a algoritmos inteligentes e ferramentas de análise preditiva, as máquinas estão cada vez mais capazes de executar uma vasta série de tarefas que até têm sido do domínio exclusivo humano.
Um grupo de investigadores de Oxford prevê que 47% das profissões nos Estados Unidos estão em risco de “computadorização”.
Dois terços dos americanos, segundo o mesmo estudo, acredita que em 50 anos os robots e os computadores farão muito do trabalho que os humanos agora fazem. Melhor, 65% dos inquiridos acreditam até que serão mesmo os robots e os computadores que “definitivamente” ou “provavelmente” farão a maior parte do trabalho! Melhor ainda, empregos ou profissões, se quisermos, que eram consideradas apostas seguras, deixarão de o ser a curto prazo.
E então para onde caminhamos? No que devemos apostar? Que “skills” serão as procuradas pelos empregadores a curto-médio prazo?
É divertidíssimo especular sobre as várias possibilidades de resposta. Uns diriam que a tecnologia vai dominar o mundo. Ou melhor, todos nós dizemos que a tecnologia vai mesmo dominar o mundo. Mas será só a tecnologia? Terá a fatia maior deste bolo, mas não me parece que seja a única a equacionar.
Nesse caso, que equacionar? Que áreas? Que futuro?
O futuro adivinha-se promissor. E incerto ao mesmo tempo. Arrisco que o futuro nos levará a um mundo mais tecnológico, onde a tecnologia estará ao serviço da nossa criatividade quando a projectamos e ao nosso próprio serviço quando a usamos. Ter um frigorífico que encomenda comida, não é o mesmo que ter um dróide que sai de carro para o supermercado com a lista de compras.
E isto faz-me pensar! Investimos em tecnologia e na aprendizagem de novos domínios tecnológicos ou focamo-nos nesta minha ideia (absurda) de perseguir uma carreira como caçador de andróides, como o era Deckard?
Não. O que realmente me faz pensar é que Deckard perseguia “replicants” em Los Angeles no ano de 2019.
Sim, 2019.
E 2019 é já ali ao virar da esquina.