Com atualmente 4 gerações profissionalmente ativas no mercado de trabalho, o tema da diversidade, equidade e inclusão faz cada vez mais sentido ser falado de uma forma abrangente, nomeadamente no que diz respeito precisamente às diferentes gerações e à forma como as empresas podem beneficiar desse intercâmbio de ideias e visões intergeracionais.

Liderar equipas intergeracionais pode ser desafiante, mas é deveras enriquecedor se desmistificarmos o preconceito das diferentes gerações. Se o foco estiver sempre no ponto certo, ou seja, nas pessoas, os resultados surgirão por si. Podemos ter uma equipa com pessoas da geração X, devotos da aprendizagem contínua e com facilidade para as novas tecnologias, e outras que se sentem mais comprometidas com um trabalho mais estável e atividades rotineiras. Contudo, isto não impede que tenhamos elementos da geração Z que apesar de terem nascidos na era das tecnologias e do emprego volátil prefiram a segurança de um emprego estável e rotineiro.

O importante é identificar as características individuais de cada membro da equipa, valorizar e conciliar as competências e experiências de cada um e dar-lhes as ferramentas para que possam desempenhar as funções da melhor maneira. A forma como cada indivíduo vê a vida e vivencia o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional não deve ser limitativo. Muito embora seja certo que venham a desempenhar tarefas nas quais não se sentem tão confortáveis, cabe aos líderes gerar entusiasmo para que sintam vontade de sair da zona de conforto, o que por vezes passa inclusive pela autodescoberta de capacidades que desconheciam em si próprios.

Numa carreira que conta com 25 anos de experiência, onde fui coordenadora grande parte do tempo (ainda que por vezes informal), o que me enriqueceu foi trabalhar com grupos das mais diversas gerações e culturas, desde pessoas que poderiam ser minhas mães, a jovens que poderiam ser meus filhos. Fiz várias formações, desenvolvi competências e licenciei-me durante a vida profissional e já com família formada, sempre com o apoio de todo os líderes com quem trabalhei. Como líder é de extrema relevância dar o exemplo e promover a empatia e a mente aberta, pois só assim se dá espaço para a partilha contínua de conhecimentos entre as pessoas, valorizando o seu contributo e mostrando que todos temos muito a aprender uns com os outros independentemente da função ou idade. Todos nos queremos sentir valorizados e com futuro na empresa que nos acolhe e isso reflete-se de formas diferentes em cada indivíduo. Por vezes, algumas pessoas que estão há mais tempo na empresa precisam de ver os seus conhecimentos reciclados para sentirem que acompanham as mudanças e que não ficam para trás. Com os mais jovens importa promover o entusiasmo para fazer parte de uma empresa onde têm voz ativa e onde os objetivos individuais e os da organização se complementam.

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As competências necessárias numa equipa podem mudar ao longo do tempo, conforme as necessidades da empresa e do mercado e isso não deve ser encarado de forma negativa. Pode ser o desafio necessário a uma equipa para catapultar o seu desenvolvimento. A mudança causa sempre algum desconforto, mas com apoio é ultrapassável. Devemos focar-nos nas pessoas, oferecer-lhes apoio, meios e ferramentas e veremos a equipa a crescer e adaptar-se independente das suas diferenças enquanto indivíduos. As sinergias advindas da diversidade das experiências e competências de cada um podem trazer uma dinâmica fantástica à equipa tornando-a numa equipa de sucesso com ótimos resultados. Subentenda-se que tal só é possível nas empresas que tenham uma cultura inclusiva e que permitam uma liderança flexível e autónoma.

As empresas que gerem positivamente a sua diversidade geracional constroem uma cultura de inclusão, tolerância e aprendizagem, que gera um clima harmonioso nas suas equipas, e que consequentemente promovem a obtenção de melhores resultados na sua produção e objetivos, resultando daí uma vantagem competitiva essencial ao se tornarem empresas com uma melhor capacidade de adaptação ao contexto de incerteza e de mudança acelerada em que nos encontramos.

Observadorassocia-se à comunidade PortugueseWomeninTech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.