Todos soubemos (ou ouvimos falar) da mudança que o Facebook se propôs fazer quando decidiu passar a designar-se por Meta. Foi a forma que a empresa encontrou de refletir a sua visão de longo-prazo focada no desenvolvimento do metaverso. Mas agora os títulos dos jornais são preenchidos por anúncios de despedimentos… Alguns acreditam que os despedimentos são apenas uma resposta às dúvidas do mercado sobre o alcance do metaverso que Zuckerberg anunciou, ou sobre os recursos que está a investir na tecnologia. Mas será que isso significa que o metaverso é um bluff? De forma alguma …

Embora seja verdade que o crescimento da Meta não correspondeu às expectativas, a verdade é que o metaverso está a desenvolver-se, a evoluir e vai tornar-se uma presença diária. Tal como na viragem do século, a chegada dos smartphones, das aplicações, do streaming e das redes sociais, ou seja, o aparecimento daquilo que designamos por web 2.0, em breve, assistiremos à chegada da web 3.0, na qual o metaverso, com as suas capacidades de interação e ambientes virtuais, será fundamental.

O metaverso é uma realidade atual. Ou uma “proto-realidade” (uma realidade em estágio inicial de desenvolvimento).  Aqueles que têm filhos adolescentes ou pré-adolescentes vêem-no invadir os ecrãs de casa, com plataformas de jogos online como o Roblox e o Fortnite, dois dos jogos mais populares e bem-sucedidos, que estão a trabalhar na criação de ambientes virtuais cada vez mais elaborados e complexos e nos quais os utilizadores podem interagir uns com os outros e com conteúdos gerados pela comunidade. Os adolescentes são deixados nestas plataformas como nós eramos, em tempos, deixados a jogar à bola, na rua. Jogam, interagem e desenvolvem-se como nós, mas misturando elementos reais e virtuais de uma forma natural.

A utilidade do metaverso na educação…

Atualmente, o metaverso já permite a realização de cursos de formação caros e igualmente exigentes do mundo real. Por exemplo, podemos formar mecânicos de aviões no metaverso, oferecendo-lhes a possibilidade de testar e treinar a reparação de todos os tipos de aeronaves. É um daqueles que leem isto e começam a suar porque não confiam nos mecânicos que se formaram no metaverso? Repare que a formação neste ambiente permite-lhes receber formação em muitos mais modelos de aviões e simular muitas mais situações do que uma formação em contexto real. Este novo canal dá-nos, portanto, a possibilidade de alargar (nunca substituir) a formação, que em várias circunstâncias seria inatingível.

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O metaverso também tem aplicações para o mundo da cultura…

Graças à realidade aumentada e ao desenvolvimento da arte virtual, é possível oferecer mais acesso à cultura, sem os obstáculos das barreiras geográficas ou do poder de compra. Imagine poder entrar nas grutas de Altamira, ou passear pelo fórum de Roma na época imperial. Isso já é possível fazer hoje, com o metaverso.

E na saúde, o que pode o metaverso fazer?

Além disso, a tecnologia permite desenvolver várias aplicações nas áreas da saúde e o bem-estar. Melhorar os tratamentos de saúde mental, relacionados com perturbações de ansiedade, através de experiências que permitam a evasão mental, é uma possibilidade. Outra é a compreensão de situações stressantes de forma controlada. Estes são apenas alguns exemplos da utilidade do metaverso nestes domínios.

Então, o que está a atrasar o desenvolvimento desta tecnologia?

Todas as tecnologias precisam de tempo para amadurecer e se desenvolver. É certo que ainda se verifica uma grande falta de adoção, que está relacionada com a falta de aceitação massiva dos utilizadores e que isso representa um travão ao desenvolvimento da tecnologia. Mas o hardware necessário para experimentar a realidade virtual, os óculos, está a tornar-se mais acessível, mais leve e mais confortável. E este é um fator-chave que vai, sem dúvida, contribuir par uma adoção mais generalizada do metaverso. Ainda recentemente foi lançado o Apple Vision Pro, os óculos de realidade mista – virtual e aumentada – da Apple que prometem transformar a forma como interagimos com a tecnologia.

O metaverso já é uma realidade em pleno desenvolvimento. A Bloomberg estima que o seu valor atinja os 2,5 biliões de dólares até 2030. Alguns sectores adotarão as soluções mais cedo. Outros demorarão um pouco mais. É sempre assim… Mas hoje, independentemente das notícias alarmantes de despedimentos ou de investimentos milionários, as empresas devem começar a trabalhar e a testar utilizações e soluções do metaverso, que lhes permitam obter eficiências e vantagens competitivas, para se posicionarem na dianteira de um território que, dentro de pouco tempo, terá certamente uma adoção generalizada.