No mês de novembro, falamos mais da saúde masculina e, especificamente, das doenças da próstata, devido a um movimento iniciado em 2003, no seio da seleção de rugby australiana, e que hoje está globalizado. Este movimento – o Movember – pretende alertar para a promoção da saúde física e mental do homem.

Uma das doenças mais temidas pela população masculina é o cancro da próstata, não apenas porque é o mais comum nos homens, a partir dos 50 anos, e a segunda maior causa de morte oncológica, mas também porque estão associados ao tratamento efeitos colaterais que impactam na qualidade de vida, como a incontinência urinária e a disfunção erétil.

Os cancros da próstata localizados não são todos iguais. Cerca de 75% dos casos obrigam a tratamentos radicais, como a cirurgia ou a radioterapia, para curar a doença.

Os casos menos agressivos e que afetam apenas um dos lados da próstata, se detetados precocemente – através de análise ao antigénio específico, de uma ressonância magnética e, depois, de uma biópsia, que confirma a suspeita –, podem, em determinados casos, ser vigiados ou tratados de forma menos radical.

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A terapia focal, ou ablação parcial, é uma inovação e uma mudança de paradigma no tratamento do cancro da próstata em fases iniciais. Baseia-se na ideia de tratar apenas a área afetada pelo tumor, preservando o restante tecido da próstata e reduzindo, assim, os efeitos secundários associados aos tratamentos mais comuns. É uma abordagem menos agressiva e mais personalizada.

Entre as várias técnicas disponíveis de terapia focal, o HIFU (High-Intensity Focused Ultrasound) usa uma sonda robótica, que emite ultrassons focados de alta intensidade, para destruir a zona do tecido onde o cancro está localizado, através de calor. É a técnica minimamente invasiva – sem cortes, nem incisões – com maior evidência científica no âmbito da terapia focal do cancro da próstata de baixo risco e risco intermédio baixo, destacando-se como uma das mais avançadas e eficazes.

No maior estudo clínico desenvolvido sobre o uso desta técnica, apresentado em 2024, o HIFU tem resultados comparáveis aos da cirurgia radical da próstata, no controlo oncológico, a curto e médio prazo, apresentando resultados mais favoráveis na redução dos efeitos colaterais, como a incontinência urinária e a disfunção erétil.

O receio de ter cancro da próstata é um dos principais motivos de ida à Consulta de Urologia. Este facto denota que os homens estão cada vez mais e melhor informados sobre a necessidade de detetar precocemente a doença, muitas vezes, ainda antes de surgir qualquer sintoma urinário. Esta atitude é fundamental para que, nos casos em que o diagnóstico se confirma, os urologistas possam aconselhar, de forma informada e em função das características de cada pessoa e do seu tipo de cancro, o melhor tratamento possível, com menos efeitos secundários, tentando ao máximo preservar a qualidade de vida do doente.