Os fabricantes de veículos pesados precisam urgentemente redirecionar os seus esforços para a eletrificação. Com os ministros dos Transportes da União Europeia a concordar nesta nova lei, agora aprovada a 13 de maio, em aumentar gradualmente a participação de veículos com emissão zero na frota pesada em todo o bloco, os caminhões da UE precisarão reduzir as emissões de dióxido de carbono em 90% até 2040. Já os autocarros urbanos terão de alcançar uma meta de emissões totalmente zero até 2035, com uma meta intermédia de 90% no prazo de seis anos.

Apesar das tentativas de alguns países de bloquear a lei, as novas regras aplicáveis aos veículos pesados mantêm a meta atual de uma redução de 15% das emissões para os camiões pesados com peso superior a 16 toneladas até 2025. A partir de 2030, os novos caminhões com mais de 7,5 toneladas precisarão reduzir as emissões em 45%, subindo para 65% a partir de 2035 e, finalmente, atingindo uma redução de 90% em 2040.

Os veículos pesados são responsáveis por mais de 25% das emissões de gases com efeito de estufa provenientes do transporte rodoviário na UE. Nos seus esforços para neutralizar as emissões no transporte rodoviário, a Comissão Europeia propôs uma revisão das normas de emissão de dióxido de carbono para veículos pesados. Essa mudança é fundamental para enfrentar a crise climática, mas coloca enormes desafios para os fabricantes de caminhões e autocarros.

Os fabricantes precisarão investir massivamente na transição para veículos de emissões zero. No entanto, a transição para veículos pesados elétricos é complexa, devido à produção insuficiente de alternativas renováveis como hidrogénio e biometano, em escala adequada e no tempo necessário. Atualmente, menos de 2% dos veículos deste setor são de emissão zero. Acelerando a produção de veículos elétricos a bateria e colaborando com fornecedores de infraestrutura de carregamento, os fabricantes poderão apoiar os operadores de frota na adoção de veículos com emissão zero.

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Ainda assim, as preocupações com a competitividade e as realidades empresariais no terreno são muitas. Durante as negociações interinstitucionais entre o Parlamento Europeu, a Comissão e o Conselho da UE, formuladores de políticas insistiram que as novas regras são compatíveis com a competitividade. No entanto, são necessárias políticas de incentivo para acelerar a transição verde dos transportes. A falta de estações de carregamento suficientes e a capacidade de bateria para longas distâncias são desafios significativos a ter em conta se o que queremos é um efetivo e verdadeiro resultado a médio e longo prazos.

Os fabricantes estão a fazer o seu papel para descarbonizar, mas dependem de condições em grande parte fora do seu controle direto. A lei adotada agora no passado dia 13 de maio é um marco que abre caminho para a neutralidade climática e a descarbonização do transporte pesado de mercadorias e de passageiros. Mas operacionalmente, colocar tal ambição no terreno e no dia a dia das economias dos países-membros é um desafio sem precedentes, quer em tempo, quer em escala, quanto às exigências tecnológicas.

A Comissão Europeia deverá avaliar a eficácia da nova lei até 2027, bem como a possibilidade de desenvolver uma metodologia comum para avaliar e comunicar as emissões de dióxido de carbono de todo o ciclo de vida dos novos camiões e autocarros. Este é um passo crucial para garantir que as metas de redução de emissões sejam cumpridas de maneira eficaz e sustentável. O desafio é imenso, mas a necessidade de mudança é urgente. Os fabricantes de frotas pesadas devem abraçar a transição para a eletrificação e colaborar estreitamente com todos os setores envolvidos para criar um futuro mais limpo e sustentável para o transporte rodoviário na UE.

Esta é também uma imensa oportunidade para mudar o paradigma da forma como até hoje se operam estes dois fluxos rodoviários: pessoas e bens. Acreditem, haverá muitas surpresas e grandes mudanças na forma como pessoas e mercadorias são movidas nas cidades, entre cidades e países.