Em 2015, já com alguns anos de experiência na área de marketing digital, estava a trabalhar em vários projetos online. O nosso foco eram os clientes, as agências de publicidade e, claro, acima de tudo gerar lucro para a empresa. Pensar em novas maneiras de atrair mais clientes, criar produtos interessantes, chegar a mais públicos e vender, vender, vender, ocupava grande parte da minha vida.
Quem trabalha em marketing sabe como esta necessidade constante de atingir todos os objetivos e alcançar mais metas nos coloca num estado de adrenalina efervescente, que tanto borbulha em força para chegarmos mais longe, como nos desgasta até à última ponta de energia, na busca incessante pelo lucro.
O marketing foi um caminho que escolhi ainda nos tempos de liceu e cedo me preparei para as adversidades que teria de enfrentar com esta minha escolha. Estava pronta para trabalhar neste ciclo vicioso durante várias décadas, mas nesse ano tudo mudou. Inesperadamente, surgiu a oportunidade de trabalhar numa startup focada em gerar impacto social e, ao aceitar esta proposta, aceitei, também, um novo modo de vida.
Com 26 anos, nunca tinha imaginado trabalhar no terceiro setor, mas pensar que o que fazia todos os dias, para além de gerar lucro, poderia melhorar a vida de alguém que necessitava de ajuda, deu-me um novo propósito, novos objetivos e uma nova forma de ver a minha própria vida e as pessoas que me rodeiam.
Há cerca de 5 anos, quando entrei como Head of Marketing para a eSolidar não imaginava o enorme desafio que tinha pela frente. Mais do que gerar valor com o marketing, o que me começou a mover foram as causas sociais que cruzaram o meu caminho.
Histórias como as de famílias com crianças com várias limitações físicas que todos os dias lutam, herculeamente, para conseguir atingir o valor mensal necessário para tratamentos ou de pessoas que cuidam de animais maltratados, oferecendo não só o seu tempo e carinho, mas muitas vezes, dinheiro do seu próprio orçamento familiar para suprir a necessidades básicas, mostraram-me como é importante o papel da tecnologia na ajuda a quem mais precisa e como gera impacto social a vários níveis.
Através de ferramentas digitais é possível capacitar instituições de solidariedade para conseguirem os fundos necessários para sobreviver e melhorar as condições de vida de quem representam, assim como promoverem as suas causas sociais junto de uma audiência abrangente e global, 24 horas por dia, ininterruptamente.
Ao dar visibilidade e partilhar informações sobre causas sociais, a tecnologia ajuda, também, a mudar comportamentos e a aproximar pessoas em torno de ideais sociais semelhantes.
É através da tecnologia que muitas pessoas que enfrentam os mesmos problemas encontram o apoio e as respostas que precisam, sem qualquer restrição geográfica a delimitar o acesso à informação.
As empresas já compreenderam que têm um papel social importante a desempenhar na sociedade e é crescente o número de organizações que utiliza a tecnologia para ajudar causas.
Ser socialmente responsável traz bastantes benefícios não só para quem é ajudado, como para quem ajuda, já que aumenta a presença positiva e colaborativa na sociedade, cria um maior envolvimento com os seus colaboradores, retém talento e melhora o posicionamento e reconhecimento da marca.
Mais do que ser socialmente consciente, não é possível exprimir com palavras como é gratificante receber vídeos da evolução de pessoas com dificuldades físicas ou mensagens de carinho de associações, a agradecerem a ajuda que receberam através de ferramentas digitais. É cada uma destas pequenas grandes conquistas que me fazem trabalhar todos os dias com um enorme sorriso nos lábios e uma vontade enorme de querer fazer mais e melhor.
Trabalhar para gerar impacto social é construir um futuro mais positivo, saber que cada pequena ação que realizo faz a diferença e ajuda a construir um mundo mais justo e feliz.
Cátia Costa tem 30 anos, licenciada em marketing já trabalhou com várias das maiores comunidades online de Portugal, atualmente é Diretora de Marketing da startup eSolidar – plataforma de impacto social para as empresas, instituições e comunidades.
O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.