A utilização da inteligência artificial no contexto académico, especialmente na elaboração de teses de doutoramento e mestrado, suscita um debate acerca das questões éticas implicadas.

A inteligência artificial apresenta-se como uma poderosa aliada do estudante por apresentar diversos benefícios, tais como, a criação de novas metodologias de investigação ou a sua capacidade de processar e analisar grandes volumes de dados em curtos períodos de tempo. Esta eficiência pode acelerar significativamente o progresso científico, permitindo aos investigadores focarem-se mais na interpretação dos resultados e menos na recolha e processamento dos dados. Além disso, a inteligência artificial tem o potencial de melhorar a coerência e a qualidade dos textos académicos, proporcionando uma revisão automática que deteta inconsistências e erros, elevando assim o padrão das produções científicas.

No entanto, não podemos ignorar as preocupações inerentes ao uso da inteligência artificial neste contexto. Uma questão fundamental é se a inteligência artificial poderá, eventualmente, substituir os estudantes na própria elaboração das suas teses.

A essência de uma tese de doutoramento ou de mestrado reside na capacidade do estudante de demonstrar pensamento crítico, criatividade e originalidade – competências que uma máquina não pode replicar na sua totalidade. Há também o risco de os modelos de inteligência artificial estarem enviesados devido aos dados com que foram treinados, o que pode resultar em conclusões erradas ou distorcidas, comprometendo a integridade da investigação.

Além disso, a dependência excessiva da inteligência artificial pode levar à perda de competências de pensamento crítico e escrita entre os investigadores. A academia deve ser um espaço onde a criatividade sobressai, e sente-se um receio legítimo de que estas novas tecnologias possam acabar com esse elemento essencial da investigação.

Para mitigar estes riscos, é imprescindível promover o conhecimento sobre o funcionamento dos modelos de inteligência artificial, uma vez que os investigadores e os próprios estudantes devem estar bem informados sobre os limites e as capacidades destas ferramentas, avaliando a sua fiabilidade antes de as integrarem nos seus trabalhos.

Em síntese, a inteligência artificial pode ser uma ferramenta significativamente positiva para a investigação académica, mas o seu uso deve ser ponderado e bem fundamentado. É essencial manter um equilíbrio entre a eficiência tecnológica e o desenvolvimento das capacidades humanas que são, em última análise, a base da produção do conhecimento. A academia deve continuar a ser um espaço de inovação e criatividade, onde a tecnologia é uma aliada, mas não um substituto do elemento humano.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR