Por estes dias, muito se tem falado de desporto, ou não fosse este o ano de Jogos Olímpicos e Portugal tivesse conseguido a melhor prestação de sempre, quatro medalhas e 15 diplomas olímpicos. Os parabéns vão acima de tudo para os nossos atletas, os medalhados pela proeza que alcançaram, mas também para todos os outros, para todos os 92 atletas que integraram a comitiva portuguesa pela qualificação e participação que resulta do esforço, dedicação, coragem e superação que tiveram e demonstraram nesta longa caminhada para chegar até aqui. Desengane-se quem pensa que um atleta olímpico se cria e constrói em meia dúzia de dias – ao invés, é o produto de muitos anos de investimento pessoal, familiar e financeiro e que na grande maioria dos casos começa na infância, com a aquisição e o desenvolvimento de competências motoras básicas até à formação do atleta sénior de competição.

Mas o desporto não é em si um tema que se esgota nos Jogos Olímpicos ou no “Desporto Rei”, o futebol. É muito mais do que isso… devia ser muito mais do que isso!

O desporto e a educação deviam andar lado a lado, numa perfeita simbiose entre aquisição de conhecimento, desenvolvimento de raciocínio, mas também construção de espírito e trabalho de equipa, resiliência, ambição pela excelência e superação de adversidades. As crianças e os jovens de hoje são os adultos de amanhã, aqueles que constroem e dignificam uma sociedade que se quer equilibrada, justa, livre e preparada para enfrentar o rápido progresso e as constantes mudanças a que cada vez mais estamos expostos.

É por tudo isto, que o desporto escolar, ou sendo mais precisa, a prática de atividade física devia ser encarada com seriedade e como um dos motores basilares no desenvolvimento das crianças e jovens. A disciplina de Educação Física devia assumir no ensino básico e secundário o mesmo nível de importância e exigência que as restantes disciplinas curriculares, porque provoca hábitos saudáveis, cria a base e os alicerces daquilo que são os valores fundamentais de uma sociedade. Desde 2018 que a disciplina de Educação Física faz parte integrante das disciplinas que contam para a média final de ano e do secundário em geral, mas esta é uma medida desenquadrada da realidade, porque o importante é dotar as escolas, os agrupamentos escolares e os professores de ferramentas, de condições, de equipamentos e de estratégias inovadoras para conseguir chegar aos alunos de forma criativa, incitar-lhes o gosto pela prática de desporto e que estes possam utilizar a disciplina de Educação Física como rampa de lançamento para a prática de outras modalidades.

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Para nós, liberais, o desporto, a par da atividade física, é uma área que não tem passado despercebida, sobretudo em tempos de pandemia e com condições adversas e, por conseguinte, desde cedo que temos vindo a apelar à retoma de todas as modalidades desportivas e de todos os escalões, com regras definidas e em respeito pelas normas de segurança, bem como à abertura ao público, de forma gradual e com as devidas precauções, de estádios, pavilhões e recintos desportivos. Parece que finalmente fomos ouvidos e que assistimos a uma mudança naquilo que são as restrições no que ao desporto diz respeito.

Basta olharmos mais uma vez, e a título de exemplo, para aquilo que alguns países mais desenvolvidos já implementaram aos dias de hoje, como é o caso da Holanda onde o desporto e a atividade física estão integrados no ministério da Saúde, Bem-Estar e Desporto, tutelado pelo vice-primeiro-ministro.

É por considerar que o desporto faz parte integrante da vida dos cidadãos, que é um dos motores de bem-estar e potenciador de uma melhor qualidade de vida, que considero que não pode ser uma preocupação de menor importância, secundarizada e deixada para depois, não, deve ser tratado com a seriedade que merece e pode ser que assim consigamos encontrar, potenciar e elevar mais Patrícias, Jorges, Fernandos e Pedros… Portugal precisa, precisamos todos daquilo que estes agentes da mudança provocam em cada um de nós!