Estamos ainda todos assoberbados pela verdadeira onda de paz, alegria e esperança que atingiu a nossa cidade de Lisboa e o nosso país durante os incríveis seis dias da Jornada Mundial da Juventude. Foram dias de uma beleza estética e cultural sem paralelo. Dias de uma dimensão espiritual sublime. Dias de uma riqueza humana inigualável.

Lisboa, a Cidade dos Sonhos, guardará esta Jornada para sempre.

Mas Lisboa perdurará também na memória de milhões como uma casa de fraternidade. Lisboa que se tornou na cidade de sonhos, nas belas e carinhosas palavras que o Santo Padre dirigiu aos lisboetas e aos portugueses.

Cada um de nós saberá, decerto, apreender e guardar para si o que viveu nesta Jornada inesquecível. Mas já não haverá dúvidas de que esta alegria poderá constituir um ponto de partida para um movimento global ao serviço do Bem.

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Pudemos todos testemunhar que existe uma multidão de jovens portadores de esperança e de imensa alegria, a que aliam um sentido de urgência na construção de um mundo melhor.

Do ponto de vista organizacional este foi um evento impecável. Ainda nas palavras do Papa Francisco, Lisboa 2023 foi mesmo a mais bem organizada das Jornadas em que participou.

E de facto – e sem desmerecer as últimas três edições (Rio de Janeiro 2013, Cracóvia 2016 e Cidade do Panamá 2019) – elevámos este acontecimento a uma dimensão organizacional e global sem paralelo anterior.

Por isso mesmo talvez seja ainda demasiado cedo para fazer um balanço quantitativo e qualitativo do legado desta JMJ23. Este ainda é o tempo de arrumar a Cidade, e de deixar os lisboetas digerirem a força avassaladora de esperança, fé e alegria que nos contagiou.

Cada um dos pertencentes ao milhão e meio de pessoas presentes no novo Parque Tejo terá ainda de reconstruir e rememorar a sua própria história individual. Cerca de um milhão e meio de histórias.

Mas é já possível concordarmos todos numa visão: são tempos novos após este acontecimento MEMORÁVEL.

Com o encerramento da Jornada Mundial da Juventude – Lisboa 2023, julgo que todos nós nos podemos sentir felizes pelo enorme sucesso que esta alcançou, pela autêntica onda de alegria, esperança e otimismo vivida na nossa cidade.

E do ponto de vista político, é justo e é devido o reconhecimento ao responsável político que mais se bateu, empenhou e arriscou neste empreendimento. E esse responsável é Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Foi uma aposta política acompanhada de convicção. Sem hesitações. Sem desistências. Assumindo o risco.

As lideranças materializam-se assim, desta forma.

Os lisboetas sabem quem liderou a Cidade no evento mais transformador das últimas décadas.

Pessoalmente, sinto um orgulho muito especial.

Um orgulho sentido e sincero naquilo que o Filipe Anacoreta Correia e a equipa liderada pelo David Lopes conseguiram ao longo destes meses. Um orgulho extensivo a todos os meus colegas da vereação, aos presidentes das juntas de freguesia da Cidade. Aos dirigentes dos serviços camarários. Às empresas municipais.

Mas sobretudo um enorme orgulho nos trabalhadores da Câmara Municipal de Lisboa. Tudo fizeram, ao longo de dias, semanas, meses. Foi muito trabalho e muita dedicação dos nossos dirigentes e trabalhadores, em áreas tão sensíveis como a limpeza das ruas e a recolha do lixo, o cuidado com os espaços verdes, a manutenção e a reparação do espaço público, a segurança, o socorro ou a prevenção de incidentes.

Finalmente, um grande orgulho pelo empenho dos munícipes da nossa cidade, os nossos lisboetas, pois sem eles nada disto era possível.

Foi com este esforço denodado que conseguimos ter uma cidade acolhedora, atenta, preparada e bonita, capaz de fazer com que tanta gente, de tantas partes do mundo, se sentisse em casa.

A verdade é que a autarquia de Lisboa congrega uma equipa fantástica, da qual a cidade de Lisboa tem todas as razões para estar reconhecida.

E de um ponto de vista estritamente material Lisboa ficará certamente a ganhar.

Segundo o estudo prévio realizado pela  PwC, no início de julho de 2023, o evento teria um retorno de investimento entre 411 milhões e 564 milhões de euros (Valor Acrescentado Bruto).

Estes números serão certamente afinados ao longo dos próximos meses.

Lisboa ganhou um novo Parque. Uma área que até há bem pouco tempo era um aterro sanitário estará em breve apta a ser usufruída por todos os que a queiram frequentar. É uma obra de e para todos os Lisboetas. E que ficará para o futuro da cidade, integrado numa área verde e de fruição, livre de construção, de cerca de 100ha. Regado com águas de reutilização provenientes da Fábrica da Água de Beirolas. Com uma nova ponte ciclopedonal sobre o Rio Trancão, que permitirá ligar o parque a Loures e, ainda mais a norte, no futuro, a Vila Franca de Xira, através de um novo percurso ciclopedonal ribeirinho.

Esta é uma obra de valor inestimável para toda a região de Lisboa. Este é mesmo o principal legado ambiental da JMJ23, um legado ambientalmente sustentado e sustentável.

Lisboa, como capital competitiva no grande mercado das cidades globais ficará ainda mais bem posicionada, reforçando o seu crescimento dos últimos anos. Um crescimento também turístico, cuja atividade – tudo o indica – baterá um novo recorde.

Lisboa cada vez mais atrativa para trabalhar, visitar ou morar, seja uma semana, um ano, ou o resto da vida.

Uma capital europeia cada vez mais procurada constituirá certamente um desafio constante para quem governa a cidade. Todos os serviços públicos são e serão sempre poucos para as exigências de uma Lisboa cada vez mais global e cada vez mais atrativa.

Mas alerto para um requisito do qual dependem todos os outros: a segurança, a proteção civil, os meios de socorro e as estruturas e sistemas de saúde. Sem eles estaremos sempre aquém das necessidades dos nossos munícipes, turistas, trabalhadores e investidores. O nosso crescimento nunca será sustentado se descurarmos estes três vértices basilares do poder público.

O Estado pode nem sempre chegar a todos a toda hora. Mas em estado de emergência tem obrigatoriamente de chegar a todos e a qualquer hora. Foi este o princípio que apliquei quando abracei o desafio de tutelar, na Câmara Municipal de Lisboa, estes pelouros. Sem este princípio falharíamos todos: o Estado, os eleitos locais e até a própria Democracia. Ninguém é verdadeiramente livre se o Estado lhe falhar em emergência.

Mas já chegaram Novos Tempos a Lisboa. Em 2022, e neste primeiro semestre de 2023, o investimento já realizado nestas áreas ascende aos 15M€.

Remodelámos o quartel dos bombeiros voluntários da Ajuda, adquirimos seis ambulâncias, adquirimos viaturas ligeiras para transporte de pessoal, novos rádios, um robot de combate a incêndios, centenas de novos capacetes, desfibrilhadores, três veículos escada de 30 metros, equipamentos de mergulho e novos equipamentos de proteção individual.

Era tudo isto preciso por causa das Jornadas Mundiais da Juventude? Claro que sim.

Mas tudo existe agora e existirá bem para além deste evento extraordinário. Chama-se investimento sustentado. Chama-se investir no que é prioritário.

Mas precisamos de realizar ainda mais. Urge que Lisboa tenha rapidamente um centro de coordenação operacional municipal. Infraestrutura essencial para a monitorização e resposta coordenada, célere e eficaz em situações de emergência, socorro ou catástrofe.

Este é um trabalho na sua maior parte invisível e queremos muito que assim continue, porque isso é afinal o sinal de que nunca teremos de nos confrontar com uma situação de emergência ou catástrofe verdadeiramente graves.

Felizmente a JMJ23 ocorreu em total segurança, sem ocorrências de maior.

Mas este sucesso não nos pode fazer descurar o investimento na segurança da nossa Cidade.

É por isso que muito depende também do governo: a colocação de novos efetivos na Polícia Municipal, o cumprimento da reestruturação do dispositivo operacional da PSP acordado com o Município em 2014 ou o fim do licenciamento zero em zonas de animação noturna.

E, a um nível mais estruturante, a requalificação dos nossos serviços hospitalares e de cuidados de saúde primários, e uma revolução, cada vez mais urgente, no funcionamento do nosso Serviço Nacional de Saúde.

Há pressa no ar e Lisboa tem pressa de ter mais e melhor.