Acordam às 05h da manhã, apanham dois ou três transportes públicos às 06h da manhã e às 07h já estão de pano na mão a limpar os espaços de escritório de quem ainda está a acordar.

Invisíveis para quem chega às 09h, engravatados, cheios de energia e um escritório, uma escola, um supermercado ou um hospital limpo. São invisíveis, muitas vezes não recebem um bom dia de quem chega e se senta num espaço limpo. Sem rodeios, são na sua esmagadora maioria mulheres, com baixas qualificações, imigrantes e vivem nas periferias. São mães e avós que trabalham numa atividade tão essencial como desprezada. É assim aqui e em todo o mundo. Se no meio delas tivesse um homem, eram notadas, não pelo que fazem mas por uma sociedade que não concebe que tal atividade possa ser realizada por um homem.

Desprezadas pelos media e pelas políticas públicas só foram mencionadas pelo atual candidato a Primeiro Ministro, Pedro Nuno Santos, numa sessão de campanha.

As palavras são importantes e aconchegarão quem tanto é desprezado, mas é preciso consciencializar, lutar e implementar políticas que reconheçam estas mulheres, que dignifique os seus direitos, que lhes dê melhores transportes públicos, melhor salário e, não menos importante, que as retire da precariedade que caracteriza este setor.

Uma sociedade dignifica-se tornando estas mulheres visíveis.

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