Na política, como na vida, à medida que vamos trilhando caminho, vamo-nos deparando com as vicissitudes do sistema interno de cada momento. Podemos ser muito bons, muito inteligentes, prestativos até. Depressa descobrimos que o Sistema é uma máquina infernal que faz justiça pelas próprias mãos, num tribunal sem direito a recurso, mas com direito à má língua. Os “donos disto tudo”, apreciados e apelidados de Cristos, passeiam pelas alas e corredores, apelidando os seus súbditos de apóstolos, que tão bem cumprem o papel a que estão obrigados. Grandes seres iluminados, os apóstolos seguem as diretivas dos seus donos, ainda que com discursos impreparados, numa narrativa ímpar, em que se destaca a falta de ética, tão defendida pela democracia grega e fundadora do Sistema atual. Com eles segue o cão de fila, o aprendiz. Alguém que nunca será apóstolo, mas também não o quer ser. Aquele que faz o trabalho sujo de contaminar e afastar qualquer possível ameaça que se mexa no meio dos arbustos, alguém que sabe que lhe falta a coragem para ser justo e conhecido pela sua retórica demolidora.

Assim, se vão afastando possíveis candidatos, com o mesmo denominador comum: se não estás comigo, também não estás com mais ninguém.

Na terra do quero, posso e mando, não há lugar a debate. Ainda que aconteça, o orador é rapidamente ostracizado, apelidado de burro e incompetente, com impreparação para exercer a profissão. Perante esta ordem de pensamento, fica quem tiver mais jogo de cintura para se deixar levar pelas falsas promessas e pela arte de bem enganar.

Caso para dizer: Por detrás de um grande apóstolo está um cão de fila, ladra, morde lentamente a sua presa em troca de uns ossinhos de vez em quando que provocam os únicos momentos de felicidade na vida já infeliz do animal de companhia.

E posto isto: os cães ladram e a caravana passa…

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