Desde o início do ano já foram marcadas 66 greves em diversas áreas de actividade do Estado – Educação, Saúde, Justiça, Administração Local e Agricultura e Alimentação.

Os Professores já saíram à rua e vão sair outra vez no dia 10 de fevereiro, as forças de segurança (que não podem fazer greve) organizaram a maior manifestação de sempre, os jornalistas também, sobre a habitação, também, manifestaram-se e continuarão a manifestar-se;  os agricultores saem com os seus tratores e outros(as) lhes seguirão os passos, porque a vida custa a todos e a qualidade de vida não tem vindo a melhorar. Os médicos já receberam a esmola e ainda não decidiram se irão novamente para a rua.

A retórica continua a anunciar que o País está melhor, que a inflação está controlada, que o défice desceu, que a dívida externa está contida, que as urgências hospitalares dão resposta a todos, que nas escolas está tudo bem e que ninguém tem razões para se queixar. Mas a realidade é um pouco diferente, a inflação entra nos bolsos dos portugueses, o défice e a dívida externa não se reflectem nas nossas carteiras, esperamos 10 horas à porta das urgências e nas escolas ninguém está satisfeito (vejam os resultados das Provas de Aferição e do PISA). Se o País estivesse melhor, 40% dos novos licenciados não fugiriam para outros países e ficariam por cá.

O “leilão” eleitoral está na rua, também. A oratória continua a ser a de outras campanhas: promessas, anúncios de medidas avulsas, crítica de uns em relação a outros e de outros em relação a uns. Enquanto isso, há famílias inteiras a viver na Gare do Oriente (considera-se Rua), crianças e adolescentes, com os progenitores.

Todos os partidos políticos anunciam a recuperação do tempo de serviço, ainda congelado, dos professores, mas nenhum especifica como pretende fazê-lo. Uma coisa é um anúncio, outra é saber, especificamente, como vão proceder. Atira-se areia para os olhos das pessoas e espera-se que ninguém esfregue os olhos antes do dia 11 de março.

A clareza das intenções do que ouvimos prometer é escassa e leva a interpretações que, por experiência, fica na área cinzenta das intenções, não é branca nem preta, cumpre-se se “der” se não “der” não se cumpre e está tudo bem.

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