No contexto atual, onde o mundo é dominado pela tecnologia e pela adaptação contínua das empresas às necessidades do mercado, há um poderoso catalisador para impulsionar a inovação e manter a competitividade: o design. Sim, leu corretamente. O design.
Na perceção comum, muitos limitam o termo ao aspeto visual, o qual, embora importante, representa apenas uma parte do processo. Podemos fazer um paralelo com um iceberg: acima do nível da água está aquilo que se vê, a estética, enquanto por baixo se esconde uma estrutura robusta. Tal como um iceberg, o design transcende o superficial. A sua essência reside na harmonia entre função e forma, indo além da aparência.
A função é a capacidade de oferecer valor aos clientes, seja através de produtos, serviços ou experiências que satisfaçam as suas necessidades e desejos. Por outro lado, a forma, refere-se à expressão e entrega dessa função, desde interfaces intuitivas até o espaço físico da empresa. O design impacta em como as pessoas se sentem, ele cria uma atmosfera que pode gerar conexões profundas, portanto, a função e a forma agem como um vetor emocional transversal, desempenhando um papel fundamental na ligação com o cliente. Por exemplo, um design de processo bem elaborado simplifica a jornada do cliente e proporciona uma experiência fluida e agradável, o que pode resultar em maior satisfação e fidelização. Aqui, o design se revela como um importante ativo organizacional, alinhado ao comportamento do consumidor. É importante ressaltar que a empatia é essencial nesse contexto, pois ajuda a compreender as pessoas para criar soluções verdadeiramente centradas. Através da combinação desses aspetos, o design resolve problemas práticos, estimula a inovação, aumenta a eficiência operacional e cria vantagens competitivas. Torna-se um fator tático para a transformação e o sucesso dos negócios.
Ao longo dos anos, o design transformou-se em uma disciplina estratégica, versátil e caracterizada por sua multidisciplinaridade e adaptabilidade. Hoje, ele não apenas acompanha, ele integra e impulsiona avanços tecnológicos, como a inteligência artificial, onde os sistemas de recomendação personalizam as interações com os clientes. Num cenário empresarial volátil, o domínio do design é benéfico para a criação de experiências relevantes.
Existem várias abordagens que podem ser facilmente implementadas nas organizações. O design centrado no ser humano – Human-Centered Design – permite abordar questões éticas, sociais e ambientais de maneira responsável e inclusiva, fundamentais de estarem em sincronia com a evolução tecnológica. Outra, amplamente reconhecida, que combina pensamento estratégico, ação proativa e trabalho em equipa para gerar soluções disruptivas, é o Design Thinking. Ao combinar elementos do design de negócios – Business Design – com a Transformação Digital, cria-se um panorama holístico para repensar processos, experimentar e buscar continuamente por melhorias. O design não só facilita a adaptação à mudança, como também fomenta o aprendizado progressivo, com soluções mais refinadas e eficientes. Trata-se de uma mentalidade que, quando adotada, estimula o pensamento criativo como base da inovação e do crescimento. Ao integrar os seus princípios na estratégia, o negócio não apenas sobrevive, como prospera num ambiente constantemente dinâmico.
Em uma sociedade cada vez mais automatizada, o fator diferenciador virá da criatividade. Não é sobre a máquina, é sobre a mentalidade estratégica de quem a opera e a sua capacidade de planear o modo mais eficiente de a utilizar. É nessa ótica que o design emerge como o motor da inovação, valorizando a colaboração e a adaptação, impulsionando uma cultura que favorece a Transformação Digital e prepara as empresas para o futuro.
O Observador associa-se à comunidade PortugueseWomeninTech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.