A igualdade no trabalho baseia-se em trabalho igual recompensa igual, o mesmo se aplica aos subsídios de risco. Mas o risco é muito volátil e desigual, hoje e amanhã são dias com situações diferentes onde o risco, embora existente, é diferente.

O governo não teve em atenção os princípios de igualdade e equidade aquando da atribuição de subsídios de risco às forças policiais. Deu a uns e os outros ficaram a vê-los dar, pelo menos era o que o governo esperava.

A Policia Judiciária foi “agraciada” com uma actualização de um subsídio que está previsto para todas as forças de segurança. A PSP, a GNR e as Forças Armadas, não.

As polícias saíram à rua. O descontentamento grassa entre as forças policiais que não foram agraciadas. Sentem-se injustiçadas e com razão. O risco é inerente a quem anda na rua todos os dias e lida com situações que põe em risco a sua saúde física e psicológica. Além disso, são elas as principais defensoras da própria democracia. Como tal têm uma sensibilidade especial para verificarem quando os seus princípios estão em causa ameaçando-a.

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Agora, às forças policiais, juntam-se lhe as forças armadas. Por força da sua missão, também elas, correm um risco acrescido, embora estejamos em tempos de paz.

Quando, através dos subsídios, criamos elites, que Pareto afirmou serem criadoras de desigualdades, estamos a dar dois passos atrás enquanto sociedade. Mas este caso não é único no nosso país. A sensação de injustiça tem vindo a crescer entre as forças de segurança.

O governo, em gestão, escuda-se por de trás das limitações a que está sujeito. Os candidatos a formar governo optam por um discurso vago fugindo a uma resposta concreta ou apresentarem qualquer proposta para o futuro. E as forças de segurança vão continuar na rua com a garantia do engrossar da massa descontente por parte das Forças Armadas.

É necessário ter atenção aos sinais de descontentamento de um povo. Começa sempre por serem apenas alguns, mas, tal como o vento, vão crescendo e podem transformar-se numa tempestade.

O nosso país viu nascer a democracia com base no descontentamento vigente à época que abriu a caixa de Pandora. Quase nos 50 anos de democracia, chega-se à conclusão que, a mesma, ainda é uma criança. Mas que o povo vai continuar a querer que a criança cresça e se torne adulta responsável e que se baseie em princípios básicos fortes, acima de tudo, que sejam cumpridos.