O turismo representa, na maior parte das economias mundiais, um papel importantíssimo no seu desenvolvimento económico e social pelo valor acrescentado que traz às exportações e o seu contributo para a balança de pagamentos e o PIB, bem como pela divulgação que provoca em termos de conhecimento público da realidade social, económica, cultural, paisagística e humana dos destinos turísticos.
Nos últimos vinte anos o turismo cresceu, a nível Mundial, a ritmos antes nunca vistos e constituiu em termos universais uma preocupação permanente com desenvolvimento, mas também, em algumas situações, com o melhor ordenamento, de forma a compatibilizar o crescimento com a segurança e qualidade de vida dos residentes permanentes.
O aparecimento da internet teve neste fenómeno uma enorme importância pois facilitou de forma quase infinita e instantânea, a possibilidade de contactos interpessoais, de marketing, de reservas, da multiplicidade de serviços que compõem a oferta turística de qualquer país, região ou cidade.
O turismo é a indústria da paz, com todos os benefícios que este conceito contém, nos conhecimentos das múltiplas realidades geográficas, paisagísticas, urbanas, monumentais, gastronómicas, religiosas, sociais, políticas, económicas e culturais, que cada um e qualquer destino turístico comporta e oferece ao turista visitante.
A oferta turística e a sua procura encontram-se tremendamente facilitadas com o desenvolvimento tecnológico atual, tanto na escolha do destino, na opção de alojamento e de transporte, como nos programas específicos a escolher em cada destino. Acrescente-se que com o aumento e diversificação dos componentes da oferta turística esta democratizou-se e ficou acessível a pessoas com rendimentos económicos médios.
Com o aumento dos fluxos turísticos, todos os segmentos da oferta aumentaram em número e variedade, representando nas economias um papel preponderante no rendimento e no emprego, atingindo níveis superiores à maioria das atividades, seja de serviços, seja da indústria, seja do setor primário. O turismo nas últimas décadas tornou-se imprescindível para o desenvolvimento, ao ponto de a sua debacle, caso aconteça, ser um desastre de enormes dimensões para a economia dos países e regiões, com reflexos negativos na vida de muitos milhões de pessoas.
Portugal tem vindo a alavancar a economia no desenvolvimento turístico, tornando-se muito dependente das suas circunstâncias para o bem e para o mal, a que economia em geral deve algum crescimento e a sustentabilidade do emprego.
O turismo é a Indústria da Paz e tem na convivência pacifica entre pessoas, povos e nações o terreno do seu desenvolvimento, o que felizmente tem acontecido nas últimas décadas nomeadamente na Europa. Desde o final da última guerra se tem vivido o período mais pacífico de toda a história europeia. A esta paz europeia juntou-se um enorme desenvolvimento tecnológico e económico nos últimos 40 anos que facilitou como nunca o crescimento da oferta e da procura turística.
A atividade turística não se pode dissociar de todo o envolvimento que rodeia as sociedades, cujas crises ou sobressaltos tem um enorme efeito na sua indústria e o que está a acontecer atualmente é de facto, no mínimo, uma enorme incógnita que não se sabe como irá evoluir e que limites atingirá.
Se a guerra provocada pela Federação Russa com a invasão da Ucrânia não causou grandes interferências no turismo europeu, mesmo acontecendo na Europa, pois os seus efeitos incidem fundamentalmente nos territórios onde se desenrola, já o que está agora a acontecer no Médio Oriente pode ser o rastilho para uma enorme crise turística em todos os países do Mundo Ocidental.
O momento que atualmente se vive é de grande preocupação quanto à paz e segurança nos países da União Europeia, nomeadamente nas suas cidades, com cada vez mais manifestações e atos de vandalismo e terror principalmente de origem muçulmana, que se tem vindo a radicalizar em muitos países.
Isto porque um dos principais fatores que o turismo exige é a segurança e o normal funcionamento de todos os sistemas que suportam a atividade humana e que se ligam a todos os elementos que constituem a oferta turística e justificam a sua procura.
A crise no Médio Oriente é muito mais que um conflito entre o Estado Israel e os terroristas do Hamas, é um choque de religiões, culturas e civilizações. Mais que eventuais disputas territoriais, está em causa a repetida tentativa de aniquilar uma civilização, uma religião, uma cultura e um povo.
O Povo Judeu sofreu durante milénios perseguições, expulsões e genocídios em que Portugal não está isento, e agora esse sentimento como que renasceu, com muito do mundo muçulmano a querer eliminar o povo judeu da face da terra.
Israel tornou-se um estado forte e um país desenvolvido, com enorme capacidade militar, e procura retaliar os seus inimigos de forma nem sempre proporcional, gerando uma reação mediática à escala mundial.
Em todo o Ocidente, e especialmente na Europa, que abriu o seu espaço a milhões de imigrantes e refugiados muçulmanos, que se instalaram e vivem dos generosos contributos sociais que os países europeus lhe oferecem, vai crescendo a insegurança de que o Turismo não gosta.
Se tal acontecer rapidamente diminuirão as viagens e as estadias fora dos habitats naturais com a anulação de milhões de reservas turísticas e o enorme prejuízo daí decorrente.
Portugal, que tem dependido em termos económicos principalmente deste ativo, será um dos países mais prejudicados com esta guerra que muitas potências estão a tentar atiçar e quando poucos estão a fazer claros esforços para o apaziguamento.
Faço sinceros votos de estar errado. Se estiver certo o próximo ano já irá sentir fortemente uma diminuição na nossa procura turística, com todos os inconvenientes de quem se sustenta basicamente numa única atividade económica.