As Organizações Não Governamentais (ONG) enfrentam um paradoxo desgastante. Ao mesmo tempo que têm como missão resolver os problemas sociais e ambientais mais complexos, confrontam-se todos os dias com o desafio de garantir a sua própria sustentabilidade económica.
Estudos como o Diagnóstico das ONG em Portugal, referem a dificuldade de financiamento como o principal problema identificado pelas organizações. Pode-se, aliás, deduzir que muitos dos outros problemas identificados serão, em grande parte, consequência deste primeiro: instalações desadequadas, desmotivação dos recursos humanos, dificuldades na qualificação do pessoal e voluntários, divulgação da organização, entre outros.
No que toca à estrutura de receitas, as realidades são diversas, mas parece haver uma prática comum: a dependência de uma grande fatia de receitas numa única fonte de financiamento. Em Portugal, enquanto algumas organizações de maior dimensão conseguem angariar apoios privados significativos, outras dependem quase exclusivamente de fundos públicos. Apesar de representarem montantes expressivos, estes fundos são complexos de gerir e estão sujeitos a uma agenda que nem sempre se alinha com os projetos das organizações.
Dado o risco, e o aumento da complexidade e competitividade inerentes às iniciativas de angariação de fundos, muitas organizações começam a investir na diversificação das suas fontes de rendimento.
Conceitos mais recentes como o da empresa social, que gera lucro através da venda de produtos ou serviços para financiar a sua missão, ou os Títulos de Impacto Social, que vinculam o pagamento aos resultados do projeto, têm vindo a ganhar mais força nos últimos anos.
Por outro lado, o avanço tecnológico possibilita a modernização dos métodos mais tradicionais e acessíveis, como a doação, tornando-a mais eficiente e abrangente.
Comparativamente a outros países europeus, esta é uma área que muito ainda tem para crescer em Portugal, parecendo haver cada vez mais abertura tanto da parte de doadores individuais como empresariais.
Para impulsionar essa tendência, a tecnologia disponibiliza soluções acessíveis e eficazes, como softwares chave-na-mão ou ferramentas no-code, que capacitam as organizações a:
Oferecer os métodos de pagamentos mais populares e seguros, incluindo opções como cartões de crédito, MBWay, referência multibanco e carteiras digitais. – Facilitar pagamentos recorrentes, simplificando o processo para doadores regulares, permitindo que escolham a frequência e o valor das suas doações.
Automatizar a emissão de recibos, eliminando tarefas manuais e morosas,e libertando tempo para as organizações se concentrarem na sua missão.
Fortalecer a relação com os doadores: O envio de mensagens personalizadas e a partilha transparente de resultados fortalecem a relação com os doadores, incentivando novas contribuições.
Criar páginas de doação personalizadas, com a marca, história e impacto, aumentando a confiança dos doadores e tornando o processo mais apelativo. – Analisar dados: A criação de relatórios detalhados permite identificar padrões de doação, avaliar a eficácia de diferentes métodos de angariação e direcionar esforços.
Esta nova abordagem não só facilita a recolha e gestão de donativos, como também fortalece o envolvimento da comunidade nas causas. Doadores que se sentem parte da mudança tornam-se voluntários e promotores dos projetos, transformando uma ação distante em participação ativa com impacto muito além do monetário.
A aposta na diversificação e modernização da angariação de fundos é essencial, mas exige esforços conjuntos. Muitas organizações, absorvidas pela urgência diária, nem sempre têm recursos para implementar um sistema como o proposto aqui. É crucial que empreendedores e empresas atuem como parceiros estratégicos, oferecendo soluções práticas e sustentáveis, adaptadas à realidade do terceiro setor.
Esta é uma oportunidade para impactarmos positivamente a escalabilidade da economia social em Portugal ou, por outras palavras, acelerarmos a resposta aos problemas que realmente importam.
O Observadorassocia-se à comunidade PortugueseWomeninTech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.