Hoje, a meio do ano de 2022, a maioria socialista tem um governo, um orçamento, uma bancada parlamentar e um Presidente da Assembleia da República. Ou seja, têm todos os mecanismos necessários e a responsabilidade para recuperar o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Um SNS que se encontra como um corpo doente, com três cancros, fruto de seis anos de governação numa corda esquerda e bamba.

Os cancros do Serviço Nacional de Saúde têm o mesmo sinal patognomónico, é o relatório “Mortalidade Geral e por Grandes Grupos de Causas”, elaborado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) e aqui noticiado pelo Observador. No relatório, demonstram-se 6 picos de mortalidade e mais 14% de óbitos do que nos seis anos anteriores, sendo que a Covid-19 foi apenas a quarta causa de morte em 2020 e só explica 2 dos 6 picos de mortalidade verificados! Em 2020, houve mais óbitos por doenças do aparelho circulatório e mais 45% de mortes por doenças hipertensivas. Terão sido consequências vacinais? A DGS não explica. Além destas mortes, também aumentaram os óbitos por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, do aparelho urinário e neoplasias. Este sinal é o resultado do efeito dos três cancros do SNS.

1 O primeiro cancro é o preconceito ideológico, mais importante para a esquerda do que a própria saúde dos portugueses. Prova desse preconceito é terem acabado com as Parcerias Público-Privadas (PPP), mesmo após as conclusões do relatório do Tribunal de Contas de 14 de maio de 2021. Lê-se, nesse relatório, que os hospitais em PPP de Cascais, Braga, Vila Franca de Xira e Loures estavam plenamente integrados no SNS e que geraram poupanças para o Estado de 203 milhões de euros entre 2014 e 2019. Mas, claro, a cegueira ideológica do PS e da extrema-esquerda decidiu acabar com estas parcerias, só porque eram de iniciativa privada.

O Tribunal de Contas recomendou a aplicação dos indicadores de desempenho destas parcerias a todos os hospitais do país. O que fez o Governo da “geringonça”? Ignorou a recomendação por completo e acabou com este modelo em Braga, Vila Franca de Xira e Loures – onde as condições degradantes de acesso à saúde são agora notícia de jornal todas as semanas.

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No Hospital de Braga, metade dos chefes de equipa das urgências e obstetras demitiram-se, há agressões físicas a profissionais de saúde, e há doentes que esperam 12 horas nas urgência. No Hospital de Loures não há anestesistas, aumentou o tempo de espera de consultas e de exames em oncologia.

No Hospital de Vila Franca de Xira, a PPP acabou em junho passado. Agora, com a EPE, temos urgências com horas e horas de espera, houve debandada de ortopedistas e enfermeiros. E recentemente dezenas de trabalhadores cumpriram uma greve de 24 horas.

Esse relatório do Tribunal de Contas foi mais longe e referiu que, sem estes modelos de gestão na Saúde, o Serviço Nacional de Saúde não será capaz de ser financeiramente sustentável. Nomeadamente no que se perde em desperdícios, que é mais de mil milhões de euros por ano.

Quem sofre são os doentes! Nada nos deve mover contra o público ou contra o privado, o devemos quer é um sistema de saúde que responda às necessidades dos Portugueses.

2 O segundo cancro são as infraestruturas em saúde. Um cancro que nunca mais deixa sair do papel os prometidos Hospitais de Lisboa Oriental, do Seixal, de Sintra, o Central Alentejo, e o Central do Algarve. Este cancro torna difícil a promessa de construção ou modernização de 100 centros de saúde, até 2026. Os portugueses cá estarão para avaliar e terão no Chega um fiscalizador atento.

O modelo de unidades de saúde familiar é um modelo elogiado até por organizações internacionais, mas o seu alargamento a todo o território tem avançado com grande lentidão. A reforma dos cuidados de saúde primários já leva mais de 15 anos e continua por cumprir.

Entretanto, o objectivo do governo passou a ser outro: que só 80% da população tenha acesso à saúde primária. Será para, quando chegarem as eleições, poderem apresentar qualquer estatística sobre os objectivos e fazer mais propaganda, dizendo que atingiram 100% dos 80 prometidos?

3 É o cancro da gestão dos activos humanos na saúde. Não existem profissionais de saúde suficientes no sector público. O terceiro cancro é o mais grave e emergente, porque as pessoas são sempre mais importantes que as paredes ou que as ideologias. Se o SNS entrasse numa urgência teria pulseira encarnada pela insuficiência aguda em recursos humanos.

O propalado regime de dedicação plena, previsto no Estatuto do SNS (que ainda está por aprovar), pura e simplesmente não funciona. Os incentivos para fixar médicos em zonas carenciadas é mais uma promessa antiga que até agora não teve resultados práticos. Só no ano passado, o SNS contratou 4,9 milhões de horas de prestação de serviços no valor de 142 milhões de euros.

Nos recursos humanos em saúde, o governo nem sabe com o que pode contar, quem pode atrair ou qual o universo a cativar! Com efeito, desde a publicação da lei de 2015, ainda está por fazer o “Inventário Nacional de Profissionais de Saúde”. Seria uma ferramenta de gestão dos recursos humanos em saúde – públicos e privados – para criar uma estratégia de recursos humanos da saúde em Portugal! Passaram-se 8 anos desde 2015 e nada foi feito!

Os médicos e os enfermeiros emigram – último ano com o valor mais alto desde 2016 – e só as Ordens têm algum controlo pelos pedidos que recebem. Não se consegue planear um recurso que não são se conhece! Por exemplo, há milhares de médicos de família que estão em condições de sair para a reforma em 2022, serão 1814 médicos de família reformados nos próximos dois anos e meio. E hoje já são 1 milhão e 300 mil pessoas sem médico de família, portanto este número crescerá brutalmente, pois não há planeamento. Sabemos que este governo não tem qualquer solução para colmatar a saída para a reforma de todos os médicos.

Este cancro da gestão de recursos humanos é também algo que preocupa muito o poder local, pois das 308 câmaras portuguesas apenas 57 assumiram a gestão dos centros de saúde. Os profissionais de saúde diferenciados também faltam nos hospitais, onde se pode esperar por uma cirurgia de mais 27 meses, em Faro ou em Santarém. Ontem foi Dia da Criança! Pois, as crianças, em Setúbal esperam em média 16 meses para serem operadas.

Os médicos também faltam nas ambulâncias VMER do INEM, que estiveram paradas mais de 5000 mil horas por falta de médico em 2021 – o pior registo desde 2014. E o problema é mais grave no interior do país: só na Guarda, Covilhã, Castelo Branco e Portalegre estiveram um total de 3254 horas inoperacionais, que são 135 dias completos.

Esta é a triste anamnese e a descrição sumária do preocupante exame de estado geral do SNS, um corpo doente de três cancros já diagnosticados. Para este doente, o governo e a maioria que o apoia quer promover a morte por eutanásia em vez de promover o cuidar da vida. Assumem que é mais barato deixar morrer do que cuidar. Eles diziam “A austeridade mata”. E na verdade, a Eutanásia não é mais do que a forma de matar mais austera possível. É com ela que querem resolver o problema da saúde no socialismo. Uma solução final eugénica para descartar a próprio pedido de quem sofre. O que o doente do SNS precisa é de uma saúde menos ideológica, mais eficiente e que seja sempre pela vida, pelo cuidar. Enfim, uma saúde que seja pela vida dos portugueses!