O ano de 2022 arrisca ser aquele em que se atinge um máximo de aposentações de médicos de família, numa altura em que faltam cerca de 780 profissionais para cobrir a população residente. Os números são avançados esta segunda-feira pelo jornal Público, segundo o qual havia, em dezembro, mais de um milhão de pessoas sem médico da família. Com as aposentações previstas, a situação poderá vir a agravar-se também em 2023 e 2024.

As contas para as aposentações previstas são do coordenador do grupo para a reforma dos cuidados de saúde primários, João Rodrigues. Em 2022, reúnem os requisitos para sair dos centros de saúde 1.089 médicos de família (alguns podem escolher não o fazer e ficar até aos 70 anos no SNS), um valor que se obtém somando o número de médicos que vão atingir, ou atingiram, a idade legal da reforma com os 93 aposentados que regressaram transitoriamente ao SNS, mas acabam os contratos temporários este ano.

João Rodrigues adianta que os cerca de 500 jovens médicos que concluem o internato este ano podem não ser suficientes para fazer face às aposentações previstas. Um dos motivos é que uma parte desses novos profissionais pode não ficar no SNS. Já em 2023, poderão aposentar-se 419 profissionais e em 2024 poderão ser 297. A partir de 2025, o número já será menor e, só aí, admite, o problema poderá ficar resolvido.

O médico pede a definição de estratégias para mitigar ou solucionar o problema. Uma delas passaria pela quantificação do número de pessoas inscritas como utentes, mas que não precisam de médico de família (por exemplo, por estarem emigrados) e dos médicos com ficheiro de utentes ativos, assim como a sua carga horária. Ou tornar a retenção no SNS mais apelativa.

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