A região do Algarve no Verão possui um incremento muito significativo de população, resultado do turismo – o principal motor da economia regional e nacional. O acréscimo de população implica um acréscimo de necessidade de resposta no setor da saúde, garantindo a segurança adequada na resposta ao nível dos cuidados à população residente e a todos os que visitam a região.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) na região do Algarve possui, desde há vários anos, com agudização desde 2020, dificuldades em garantir a manutenção da resposta adequada, com encerramento de urgências ou constrangimentos nas mesmas. Esta situação é causada por vários fatores que levam a uma reduzida capacidade de captação dos profissionais de saúde, em especial médicos. Tendo em conta que o Verão é o período predileto para gozo de férias, as complicações que vemos em todo o país possuem ainda um potencial impacto maior na região do Algarve.
A liderança da saúde regional está nas mãos da ULS do Algarve, mas será que os algarvios e todos os que visitam a região podem estar descansados este ano? Podemos todos esperar que sim, acreditando na capacidade dos profissionais de saúde, que todos os dias dão o seu máximo, e um pouco mais, para tapar buracos em escalas e responder às necessidades.
Contudo, factualmente, não sabemos se podemos estar descansados, uma vez que não foi apresentado publicamente nenhum plano de Verão para a saúde na região do Algarve e, as declarações públicas de alguns profissionais da própria ULS, confirmam que desconhecem qualquer plano.
Quer isto dizer que não se vislumbra qualquer solução por quem lidera as instituições da região para esta situação.
Todos conhecemos os problemas, mas onde estão as soluções? Onde está o planeamento que permita às pessoas obter garantias de resposta atempada e adequada para as suas situações de saúde? Estamos perante uma gestão semana a semana, sem planeamento e opções que possam ser acionadas com facilidade ou numa gestão quase dia a dia, sem qualquer planeamento?
Há muito que defendo que o planeamento eficaz, a identificação atempada de soluções e o estabelecimento de parcerias entre o SNS e os restantes parceiros da região podem responder às necessidades das pessoas que estão no Algarve. Será assim tão difícil a elaboração de um plano, com as soluções identificadas e com a capacidade de resposta devidamente publicada e acessível a todos?
Não podemos estar sempre a colocar o ónus no governo ou na direção executiva do SNS, cabe a quem está a liderar na região do Algarve a elaboração dos planos de atuação, que deverá ser atempadamente proposto ao governo, e que deverá definir quais as medidas implementadas, quais os resultados esperados, e acima de tudo onde poderão recorrer as pessoas em cada circunstância.
Esta publicação atempada para a resposta de saúde na região permite identificar os constrangimentos existentes; envolver os profissionais da instituição na procura de soluções para os constrangimentos; identificar as necessidades a solucionar pela Direção Executiva do SNS e pelo Ministério da Saúde; identificar as necessidades de complementaridade com os parceiros do setor privado da região; estabelecer os acordos e planear os cuidados de forma a garantir a maximização da capacidade de resposta; e possuir planos alternativos pensados para as eventualidades de última hora para a prestação de cuidados.
Acresce ainda o mais importante de tudo: dar garantias confiáveis à população na capacidade de resposta existente em cada momento e nas soluções definidas e previstas para as eventualidades de uma época com grande pressão, como é o Verão. A transparência através da publicação e apresentação pública do que está previsto é essencial para garantir essa confiança.
No Algarve os profissionais de saúde merecem aplausos diários, pela forma abnegada e dedicada com que trabalham, essa garantia existe!
Na saúde do Algarve é possível fazer muito melhor, os algarvios e quem nos visita merecem muito mais e melhores cuidados de saúde! Basta-nos acreditar!
