A cidade de Lisboa irá receber, pela quarta vez, hoje e amanhã, 7 e 8 de Outubro, a VIII Reunião Internacional sobre Cooperação Triangular, uma iniciativa conjunta do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, IP, e da OCDE, com o título “Conectando processos globais para criar impacto local”.

Não é por acaso que o nosso país acolhe novamente esta edição. Nos últimos anos, Portugal tem vindo a assumir a primeira linha deste debate internacional, promovendo a necessidade de investir em parcerias triangulares.

Num momento geopolítico conturbado, com múltiplas crises em curso, a cooperação para o desenvolvimento deve ser entendida de forma integral e transversal, como um instrumento solidário, mas também como um instrumento estratégico, que contribui para enfrentar os enormes desafios contemporâneos em matéria demográfica, de segurança alimentar, ambiental, socioeconómica e de segurança e defesa, atuando na sua raiz.

Esta conferência alinha-se com os temas em discussão no quadro da Agenda 2030 e da Cimeira do Futuro, que culminou com a adoção de um pacto promovido pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. Também tem sido tema prioritário no G20, onde Portugal participa a convite da presidência brasileira. Este tópico torna-se ainda mais relevante no atual momento de encontro entre dois paradigmas: a cooperação tradicional Norte/Sul e a cooperação Sul/Sul. A procura de resposta aos grandes desafios globais requer uma partilha de responsabilidades e de esforços, que exige que se vá muito além da tradicional e já datada divisão Norte/Sul. Num tempo de crescente polarização é urgente ultrapassar dicotomias e espartilhos geográficos e políticos.

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Portugal entende, pois, que esta modalidade de cooperação representa, por um lado, um importante investimento de longo prazo, dado o seu efeito multiplicador, complementando assim, e acrescentando valor, às ações de cooperação bilateral. Por outro lado, representa um importante instrumento de desenvolvimento global, capaz de contribuir para o diálogo entre diferentes regiões, criando laços e sublinhando interesses comuns.

Neste contexto, Portugal, país simultaneamente europeu e atlântico, tem um importante papel a desempenhar. Aliás, este triângulo estratégico é uma das pedras angulares da nossa política externa.

Tendo presente esta visão, humanista e estratégica, o Camões, I.P. tem celebrado Memorandos de Entendimento e tem vindo a dialogar com instituições da América Latina e de África, com vista ao desenvolvimento de ações de cooperação triangular para o desenvolvimento, nomeadamente nos PALOP e Timor-Leste. Portugal contribuiu também com um milhão de euros para o recentemente criado Fundo de Cooperação Triangular Portugal-América Latina e África gerido pela SEGIB no contexto da cooperação ibero-americana, demonstrando o firme compromisso nacional com a promoção da cooperação triangular.

Não obstante todo este esforço assinalável, persistem enormes dificuldades para que possam ser alcançados os desafios desejáveis. O continente africano continua a ser o melhor exemplo do quão necessário e importante é reforçar o investimento nesta modalidade de cooperação, com resultados que o atestam nas áreas do combate à pobreza, da transição climática, do digital, do desenvolvimento rural e da segurança alimentar.  Mas também na América Latina são grandes as necessidades e as potencialidades de desenvolvimento.

É com este cenário como pano de fundo que, em Lisboa, a habitual reunião anual de outono sobre cooperação triangular servirá para continuar a afirmar o nosso país como um ativo defensor desta modalidade, capaz de mobilizar o envolvimento político de alto nível e dinamizar com sucesso organizações multilaterais que abrangem países desenvolvidos e em desenvolvimento. Afirmando Portugal como um grande promotor da cooperação triangular, “conectando processos globais para criar impacto local”.