Temos assistido, ao longo dos últimos tempos, a uma atuação tristíssima dos partidos da oposição, sobre o tema do orçamento de Estado para 2025.

Tanto o Chega como o Partido Socialista, os dois partidos que permitiriam ao governo fazer aprovar o orçamento em causa, têm passado o tempo a tornear a negociação, sempre com o objetivo primeiro de beneficiarem a sua posição partidária, e mesmo individual do seu líder, sem qualquer respeito pela sociedade portuguesa e pelos seus cidadãos.

Num jogo do rato e do gato, em que poderão conseguir levar o país a novas eleições, ambos os partidos, por razões diferentes, querem evitar ser o apoiante do governo para a aprovação do documento em causa.

Por um lado, o PS, tem o seu líder numa encruzilhada de duas alternativas em que sempre perderá.

Se o país for para eleições, a probabilidade de o partido socialista voltar a perder é muito grande e a continuidade do seu líder ficará em causa.

Se o orçamento for aprovado com o apoio dos PS, a probabilidade de o governo capitalizar com a sua continuidade em funções é muito provável e o ónus de ter sido o suporte dessa solução pode ser fatal para o seu líder.

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Já o Chega, não tem qualquer interesse em ir a eleições, por um lado, porque a sua base de apoio parece ter diminuído e isso iria reduzir número de deputados na próxima assembleia. Por outro, dirigentes desse partido estão convencido de que o seu apoio ao orçamento do governo, que muitos dos seus eleitores desejariam, pode vir a ser a razão de uma futura perda da sua afirmação política, que muito depende da sua capacidade de continuar a ser exclusivamente uma alternativa de contestação.

Por tudo isto, ambos os partidos têm estado num jogo doentio de tentar colocar o outro, ou o próprio governo, em cheque, de forma a assegurarem o melhor resultado para si próprios.

É exatamente por isto que considero ser muito triste a atuação desta oposição que não diz aos portugueses verdadeiramente aquilo que quer, desconsidera os seus interesses, coloca em causa as suas condições de vida, que hoje necessitam acima de tudo de uma tranquilidade e estabilidade que permitam acelerar os investimentos indispensáveis ao crescimento da nossa economia e a aplicação de reformas necessárias ao desenvolvimento social e cultural de Portugal.

Do outro lado temos assistido a uma posição de negociação clara, que já chegou a termos muito próximos aos que lhe pedia o Partido Socialista, com quem optou por negociar, em função de ter assumido uma posição que parecia ter a seriedade necessária para um resultado que não prejudicasse o país e os portugueses.

Infelizmente, a falta de consciência cívica por parte do seu secretário-geral tem levado o Partido Socialista a protagonizar um papel muito próximo ao do seu parceiro de oposição e aliado tático, o Chega, com quem se tem coligado sistematicamente para fazer frente ao programa de governo da Aliança Democrática.

Portugal precisa de políticos responsáveis e os portugueses precisam de quem tenha o respeito de os tratar como cidadãos que merecem respeito.

Portugal precisa de ter partidos políticos que sejam verdadeiramente preocupados com o interesse nacional e que não se dediquem somente à gestão dos seus interesses e dos seus responsáveis.

É tempo de cada um assumir as suas responsabilidades e de assumir com respeito as decisões que precisam de ser tomadas com o tempo que permita governar seriamente o nosso país.

Por tudo isto, é triste o que estamos a viver.