Na maioria dos casos, quando alguém sabe que sou liberal, a primeira coisa que me  pergunta é se sou liberal nos costumes e na economia. Claro que, apesar de tentar responder de forma esclarecedora, para mim essa pergunta nem poderia existir pois não  existe tal coisa de “ser liberal” só num dos campos. Sei que este tipo de confusões  acontece devido a diversos fatores, inclusivamente o enviesamento da ideologia em  países como os Estados Unidos da América. Por outro lado, e infelizmente, estas  questões são o reflexo do desconhecimento, fruto do elementar conhecimento político da maioria dos portugueses, com um histórico desinteresse entre a população sobre  estes tópicos. Atualmente, esta discussão passou de inexistente a massificada, com o  caveat de na sua grossa parte ser desinformada, devido aos discursos populistas desencadeados pelos extremismos e facilitados nas redes sociais.

Apesar de apenas ter entrado na vida política recentemente, sempre fui bastante  interessada e, sendo a favor da liberdade, vejo que estamos num momento muito crítico,  principalmente ao perceber que a sociedade está a moldar-se cada vez mais à popular  guerra dos extremos políticos. Uma guerra vazia, já que a maioria das pessoas que se  dizem ser de Direita ou de Esquerda nem sabem bem o que estes termos significam,  invocando apenas o sentimento de pertença a um grupo, fomentado pelo contexto social.  Isto porque, as ideologias no campo da política são feitas de muito mais que estes dois  extremos de direções opostas, e é nesse outro patamar que se encontra o liberalismo.

Voltando à questão inicial, quem defende o livre mercado na economia pode ser  considerado da Direita Conservadora e a liberdade social também está presente nas  bandeiras da Esquerda Progressista. No entanto, o liberalismo defende a liberdade por  inteiro e está muito longe dessas outras duas visões. Ser liberal requer a defesa do direito  à liberdade de todos, em todos os campos da vida de cada indivíduo, o que leva (nos polarizados dias de hoje) a sermos totalmente incompreendidos por isso. “Como assim  defendem que todos são livres de dizer tudo o que querem?!” – proteger a liberdade de expressão não se trata de promover o acordo com o que é dito, mas sim a premissa que  todos podem e devem expressar suas diferentes opiniões.

Da minha experiência na defesa e advocacia do liberalismo no nosso país, recebo  constantemente críticas de visões extremistas da esquerda e da direita, que não  conseguem entender como os liberais são tão desprendidos de preconceitos e  julgamentos. Os liberais não pretendem ser revolucionários, não querem alterar o mundo  por imposição de ideias, mas acreditam que podem melhorá-lo partindo da mudança  voluntária de cada um de nós. Chamam os liberais de relativistas porque estes não  querem entrar em guerras entre grupos ou compactuar com a destruição das liberdades  individuais que os outros pretendem impor, em prol das suas sociedades ideais. Esses  mesmos outros, que ignoram o pluralismo e a diversidade para poderem implementar  regras que apenas beneficiam partes e classes, enquanto defendem que estão a  promover a ordem da “igualdade”. Mas que, no fundo, não percebem como os liberais  são os únicos que apregoam os dois fatores que realmente promovem o bem geral  comum a todos os seres humanos, os quais garantem a verdadeira equidade e equilíbrio  social: a Tolerância e a Liberdade.

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