Portugal é indiscutivelmente um dos destinos turísticos mais procurados do mundo. Ano  após ano, os números de visitantes continuam a subir, consolidando a posição do país  como um ícone do turismo global. No entanto, surge uma questão fundamental: a TAP. Será  que a companhia aérea estatal, é realmente vital para o sucesso turístico do país ou seria  mais sensato considerar alternativas?

É inegável que o turismo em Portugal tem prosperado independentemente da existência da  TAP. O país tem conquistado inúmeros prémios e bateu recordes de visitantes, sem  depender exclusivamente da transportadora nacional. A ideia de que o turismo português  entraria em colapso sem a TAP é, portanto, questionável. A maioria dos turistas que visitam  Portugal, especialmente Lisboa, não chegam exclusivamente através da TAP. Companhias  aéreas de baixo custo têm assumido um papel cada vez mais significativo, oferecendo  rotas alternativas e preços mais acessíveis.

Se observamos a história recente de companhias aéreas estatais em outros países  europeus lança luz sobre o debate. Países como Hungria (Malev), Suiça (Swissair) e Bélgica  (Sabena) viram as suas companhias aéreas estatais falirem, para serem substituídas por  operadoras de baixo custo que rapidamente ocuparam o espaço deixado vago. Essas novas  companhias não só são mais lucrativas, como também contribuem para um aumento  significativo no turismo. A verdade é que apenas é necessária uma pequena pesquisa para  entender que a TAP tem sido “a grande bloqueadora das slots”, que nem utiliza, em Lisboa,  onde a Ryannair já demonstrou interesse em investir.

Certos políticos argumentam que a TAP contribui para a balança comercial do país, mas é  importante analisar onde exatamente esses lucros são gerados. A empresa não é uma das  maiores consumidoras de produtos nacionais, limitando-se principalmente a gastos em  combustíveis e serviços de transporte de carga. Considerando isso, seria mais eficaz  direcionar investimentos para outras áreas que impulsionem a economia nacional de  forma mais abrangente.

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Uma alternativa viável seria direcionar os recursos financeiros atualmente destinados à  TAP para subsidiar o transporte de passageiros em rotas para países da Comunidade dos  Países de Língua Portuguesa (CPLP) e até mesmo para os arquipélagos, uma vez que tem  sido um argumento para a sua subsistência. Isso não só beneficiaria diretamente os  cidadãos portugueses e fortaleceria os laços com os países lusófonos, mas também  poderia ser uma opção mais económica do que manter uma companhia aérea.

Para além disso, é importante salientar que uma eventual falência da TAP não resultaria  necessariamente em um “desastre” de despedimento para os seus trabalhadores. A  reputação da companhia aérea é de alto nível caracterizada pela qualidade da formação  oferecida aos seus colaboradores, o que garante que estes estejam bem posicionados para  se integrarem em outras áreas do setor turístico ou serem recrutados por outras  companhias aéreas. O conhecimento e experiência adquiridos na TAP seriam valorizados  e procurados.

Por último, a ideia de que o Estado Português necessita de uma companhia aérea de  bandeira por razões patrióticas é questionável. A TAP não é uma extensão da força aérea  nacional e, portanto, a sua existência não pode ser justificada unicamente por argumentos  emocionais. Se a verdadeira preocupação é com a imagem nacional e o orgulho patriótico, existem inúmeras outras maneiras de promover e preservar a identidade portuguesa além  de manter uma empresa aérea estatal.

Em conclusão, a discussão sobre a viabilidade da TAP como empresa pública em Portugal  é crucial. Os dados sugerem que a empresa não é essencial para o sucesso do turismo no  país e que alternativas mais eficazes e económicas poderiam ser exploradas. É hora de  repensar o papel da TAP no contexto atual e considerar abordagens mais pragmáticas e  orientadas para resultados.