Recentemente, tive uma conversa com um jovem universitário com pouco mais de 20 anos que me deixou de certa maneira apreensivo. Enquanto lhe explicava o papel do Intermediário de Crédito (IC), ele comentava comigo que achava que se tratava de uma função “porreira”, pois iria permitir-lhe obter comparativos, mas que depois se deslocaria diretamente ao banco onde tentaria negociar um pouco mais para conseguir uma oferta ainda mais competitiva. Esta atitude revela uma falta de compreensão sobre o papel fundamental que o IC desempenha na obtenção e negociação de um crédito. Falta de compreensão, essa, que, na verdade, é transversal a toda a população portuguesa.
Apesar de raramente termos presente toda a cadeia de distribuição, quase tudo o que compramos tem uma fase intermédia. Começa muitas vezes no produtor ou fabricante, passa por um intermediário e só depois chega às mãos do cliente. Se tivesse de resumir numa palavra o que é um intermediário, diria que é um facilitador entre quem vende e quem compra, seja um produto ou um serviço. É algo que se verifica nos mais variados setores da economia, quer seja quando se coloca combustível no carro ou quando se compra um livro numa livraria. Se a intermediação faz parte do nosso dia a dia, é inegável a sua importância dado que, sem ela, seria muito difícil conseguir ter acesso a uma grande variedade de produtos e serviços ao melhor preço.
O mesmo acontece quando se trata da contratação de um crédito. O IC tem por missão ajudar o cliente a “comprar” dinheiro de uma forma consciente, informada e segura. Mas qual é na realidade o papel de um Intermediário de Crédito e porque é que o devemos consultar no momento de comprar dinheiro? Tudo começa com o diagnóstico, momento em que o IC irá procurar compreender quais as motivações e pretensões do cliente; segue-se a personalização, com o IC a realizar uma análise à situação financeira do cliente, dando início ao processo de procura pela melhor solução em função das necessidades; depois de ter toda a informação recolhida, o IC irá apresentar as propostas mais competitivas com base nas negociações das condições efetuadas com todos os bancos do mercado; além disso, fará toda a gestão do processo de crédito, ao estabelecer a ponte entre o cliente e o banco; e por fim dará todo o seguimento, uma vez que o papel do IC não se esgota na assinatura de um contrato de crédito, deverá acompanhar o cliente ao longo da sua vida, de forma a estar presente quando este necessitar de ajuda.
Em suma, o intermediário de crédito oferece tempo ao cliente. E ao contrário de muitas outras atividades de intermediação e do que muitos imaginam, o cliente não paga nada pelo serviço de um IC Vinculado ou a Título Acessório (estas duas figuras representam cerca de 99% dos profissionais de intermediação de crédito). A remuneração destes profissionais provém diretamente dos bancos com quem têm acordos de vinculação. Portanto, voltando ao início desta história, ao contrário do que o jovem universitário pensava, o IC não é apenas um mero fornecedor de dados comparativos, é sim um profissional especializado com profundo conhecimento do mercado, que está ali para zelar pelos melhores interesses do seu cliente, e que está sujeito a regulamentações e obrigações legais. Num país como o nosso, que é o segundo pior da União Europeia em matéria de literacia financeira, o IC pode ser mesmo a derradeira ajuda para evitar dissabores.