Na área da tecnologia, ou não, quem nunca sentiu que as suas opiniões são desvalorizadas no meio de homens OU que foi um homem para um lugar que devia ser seu por direito?
Sabia que, apenas 30% dos cargos de gestão das empresas em Portugal são ocupados por mulheres, uma percentagem que desce para os 27% quando considerados os cargos de liderança?
Os setores com menor percentagem de mulheres em cargos de gestão são as Tecnologias de Informação e comunicação, Energias e Ambiente, e Construção, todos com apenas 18%.
Os dados são da 14ª edição do estudo da Informa D&B ‘Presença Feminina nas Empresas em Portugal’
O que estudos também nos dizem é que não há um estilo de liderança melhor do que o outro.
Na verdade, um líder não tem género, mas sim características intrínsecas como: organização, inteligência, assertividade, curiosidade ou visão a médio-longo prazo.
As mulheres tendem a ser líderes mais democráticas, liberais, empáticas e sensíveis ao detalhe.
Os homens tendem a ter uma visão mais ampla, rigorosa e melhor controlo das situações.
Assim sendo, o que é que podemos fazer diferente?
Para responder a esta pergunta vou contar-vos uma história.
Era uma vez uma menina que tinha o sonho de ser engenheira como o pai, ter uma casa com piscina e ser presidente da república.
Para tal, traçou um plano: estudar, conseguir um emprego e ser promovida.
Mas não foi bem assim, houve muitos obstáculos ao longo do caminho, desde a discriminação de género, ao preterimento em promoções e até um burnout. O caminho foi tudo menos linear, mas desistir nunca foi uma opção.
Quando entrou na universidade teve o primeiro choque com a realidade, são só rapazes? As raparigas não são engenheiras? Em 100 alunos só 10 eram mulheres.
Num ambiente altamente masculinizado as raparigas ouviam frases discriminatórias como: “As mulheres não podem ser engenheiras porque não sabem dar amor às máquinas”…
Já no mercado de trabalho, ela passou vários anos a trabalhar arduamente para progredir na carreira e seguir para a área de gestão, por 2 vezes essa promoção lhe foi negada para ser colocada outra pessoa no lugar. O excesso de trabalho, o ambiente tóxico e a desmotivação levou a que tivesse um burnout.
Mais uma vez não desistiu, resolveu estudar de novo, tirar uma pós-graduação em gestão para alargar o seu conhecimento estratégico das empresas.
Na época, já não era uma menina, já tinha 40 anos e dois filhos, mas valeu a pena, abriu todo um novo leque de oportunidades.
Como já devem ter percebido esta história é a minha, Se não fossem as experiências vividas eu não seria a pessoa que sou hoje, foram elas que me fizeram procurar empresas com uma gestão moderna, justa e focada nas pessoas.
Infelizmente, ainda temos em Portugal muitas empresas a não serem geridas pela meritocracia, mas isto não nos deve fazer desistir dos nossos objetivos. Devemos ter um plano que evolua connosco ao longo da vida.
Nunca se esqueçam de acreditarem em vocês próprias, preservem a vossa saúde, preparem-se sobretudo para os planos B ’s. É isso que nós mulheres podemos fazer de diferente olhar para a adversidade como uma oportunidade.
Como reflexão final deixo-vos estas quatro dicas:
Veja a adversidade como uma oportunidade: Abrace a adversidade como uma chance de aprender e crescer. Esteja preparado com um plano B e mantenha a flexibilidade para se adaptar às novas circunstâncias.
Concentre-se no que você pode controlar: Reconheça que você não pode controlar as opiniões dos outros. Em vez disso, concentre-se nas suas próprias ações e decisões.
Identifique o seu objetivo de vida: Saber o que realmente importa para si ajuda a colocar os desafios em perspectiva e a orientar a sua tomada de decisão.
Cuide de si: O autocuidado é um exercício e pode assumir várias formas, descubra o que isso significa para si e seja a melhor versão de si própria em todas as áreas da sua vida.
P.S. A quem se pergunte sobre o meu terceiro sonho (“ser presidente da república”), quero dizer que desisti da ideia… mas nunca se sabe o que o futuro nos reserva.