Paulo Portas preparou um programa intensivo de comemoração dos 40 anos do CDS – que se celebram dia 19 de julho -, com o objetivo de aquecer os motores do partido para as legislativas de 2015.
Num sinal de empenhamento do líder em fazer caminho até às eleições – e de não deixar o partido numa crise de liderança no momento chave -, Portas esboçou seis meses de iniciativas, que vão começar com dois jantares “nacionais”, o primeiro no dia 10 no Lx Factory de Lisboa, o segundo em Gaia logo no dia seguinte. Tudo feito, portanto, para que o partido se tranquilize: o seu líder não tem a perspetiva de sair antes de ir a votos de novo.
Ontem à noite, aliás, Portas deu novo sinal disso num discurso na Guarda, com militantes do partido: “Queria dar-vos também uma palavra, essa mais irónica. Eu começo a trabalhar muito cedo e, hoje, quando peguei ao serviço, li um jornal que dizia ‘Portas sai em 2015′. Alto e para o baile! Quem diz quem são os políticos que ficam e os políticos que saem em outubro de 2015 é o povo português, quando em eleições escolher”, disse o líder.
objetivo: 40 mil militantes
As comemorações, que serão presididas por José Luís Nogueira de Brito, um destacado ex-dirigente e deputado centrista, e terão ao comando Diogo Feio, atual vice-presidente e acabado de sair do Parlamento Europeu, vão trazer de volta a “memória do partido”, diz ao Observador fonte da direção. “Incluindo os ex-presidentes que já não estão”, como sejam Freitas do Amaral – entretanto muito crítico do atual Governo -, e Manuel Monteiro – que saiu em rutura pessoal com Portas. Mais carregada será, claro, a homenagem aos que ficaram, como sejam os 38 fundadores (onde se inclui Basílio Horta, hoje autarca eleito pelo PS para Sintra), mas também líderes de outrora como Adriano Moreira, Nogueira de Brito e Ribeiro e Castro (outro crítico, mas interno, da liderança de hoje).
Sendo abertas aos militantes de sempre, Portas quer sobretudo procurar os mais novos. “Temos mais de 33 mil militantes, mais quatro mil do que em 2011”, garante a mesma fonte ao Observador. Agora, o objetivo é chegar aos 40 mil até dezembro.
Entre os pontos referidos no programa de comemorações está a “fundação do partido, contra corrente com o PREC”, e o voto contra na Constituição de 1975, voto que orgulha Portas – no Largo do Caldas fala-se de um ato de “coragem” que “permitiu que existisse um partido de centro direita no país num tempo difícil”.
Mas haverá mais nestes seis meses: um filme sobre os 40 anos, com depoimentos de um militante por cada ano de afiliação; debates com convidados especiais onde se recuperarão as áreas onde o CDS mais marcou no Governo (Segurança Social, Defesa, Agricultura e MNE, pastas onde desde os anos 70 existiram ministros centristas); outro sobre o sistema de alianças e a importância que o CDS tem no sistema político – valorizando o seu papel para a governabilidade; um livro com os melhores discursos do partido.
Haverá também uma réplica do famoso comício da Juventude Centrista no teatro S. Luís, que acabou num cerco ao Caldas durante o PREC e com o incêndio posto na sede do partido.