António Pires de Lima, defendeu, nesta quinta-feira à noite, alterações à Constituição. “Se o país achar que não é possível cumprir os compromissos com esta Constituição, sujeito à incerteza constitucional, o que tem de ser tem muita força”, disse. Sobre a crise no Grupo Espírito Santo, o ministro recusou fazer comentários.

O ministro da Economia falava no encontro anual de antigos alunos do IESE Business School, que decorreu esta quinta-feira no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Sobre a crise no Grupo Espírito Santo recusou fazer qualquer comentário.

“Acho que vamos aterrar em bom aeroporto e isto é independente dos ciclos políticos. Não acredito que qualquer primeiro-ministro [futuro] não assuma um caminho de responsabilidade, nem que seja ditado por pressões exteriores”, disse, independentemente do partido que vier a governar após as eleições legislativas de 2015. O ministro lembrou que o Governo “está a fazer o que tem de fazer”, sobre o pedido de clarificação ao Tribunal Constitucional. “Mediante isso, logo se vê o caminho que tem de se fazer até 2018”.

“Vamos ter de ter um Governo de maioria depois das eleições. E não acredito que nenhum aceite governar no estado de submissão aos tribunais que este aceitou”, embora admita que a coligação PSD e CDS “não tinha alternativa”. O ministro da Economia disse que, “se o pais achar que não é possível cumprir os compromissos com esta Constituição, sujeito à incerteza constitucional, o que tem de ser tem muita força”, lembrando as mudanças feitas à Constituição em 1989, depois da adesão à Comunidade Económica Europeia. “No final, se queremos estar no euro e na Europa, necessariamente vai terminar bem”, concluiu.

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“Tenho boa imprensa e o carinho das pessoas”, o que torna menos “difícil” ocupar a pasta da Economia, afirmou António Pires de Lima.

Depois de falar sobre o futuro do país, Pires de Lima falou sobre o seu futuro, que deverá passar pela saída da política. “Tenho boa imprensa e o carinho das pessoas”, o que torna menos “difícil” ocupar a pasta da Economia, mas, quando deixar o ministério, Pires de Lima afirmou que vai voltar para o setor privado. “Há pessoas que entram na política e nunca mais saem, não vai ser esse o meu caso”.

Pires de Lima fez um balanço do aumento das exportações no último ano, ainda que no primeiro trimestre de 2014 se verifique uma quebra. “As exportações este ano não estão a ter o desempenho que gostaríamos, muito por causa do setor dos combustíveis, mas a trajetória não me parece estar ameaçada”, explicou.

No que diz respeito à “recuperação económica”, destacou a mudança de mentalidades como “a maior lição” do período de crise. “A maior mudança que aconteceu foi as empresas perceberem que não podem estar só concentradas em Portugal. Creio que esta mentalidade veio para ficar porque ninguém pensa que Portugal possa regressar às ilusões dos anos 90 com crescimento assente, por exemplo, em obras públicas”.

Para o ministro, os portugueses provaram que se sabem adaptar em circunstâncias difíceis e que a sobrevivência tem de passar pelas exportações. “Ou escolhem o mundo para competir, ou então cingem o seu mercado a dez milhões de pessoas, num país nem sempre bem governado”, disse, lembrando a ditadura e os três pedidos de assistência financeira pedidos após o 25 de Abril de 1974.