Lembra-se do nome que fez correr tinta nos jornais no caso Portucale, como o benfeitor do CDS que doou dinheiro ao partido de Paulo Portas? Pois é. Jacinto Leite Capelo Rego voltou dez anos depois. Desta vez tentou fazer parte das eleições primárias do PS, marcadas para dia 28 de setembro.

“Houve uma tentativa de inscrição com esse nome tão popular. E digo tentativa, porque o sistema informático rejeitou, de imediato, o pedido”, confirmou ao Observador o gabinete de Jorge Coelho, presidente da Comissão Eleitoral.

Capelo Rego, o homem do “nome esquisito”, que levantou as suspeitas da PJ quando o CDS, em 2004 entregou cerca de quatro mil recibos de doações ao partido, “não passou do primeiro filtro”, diz a comissão eleitoral que ficou, diz fonte do gabinete, “muito satisfeita” por ter detetado a tempo a irregularidade.

E se em 2004, Jacinto Leite Capelo Rego chamou a atenção da PJ pelo nome estranho, como conta Ferreira Fernandes neste artigo, dez anos depois foi o email. “O pedido de confirmação nunca chegaria ao alegado simpatizante porque o domínio do email apresentado simplesmente não existe”, responde a Comissão Eleitoral.

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Na prática, continua sem se provar se Capelo Rego afinal existe. Há dez anos, a PJ dizia que era produto da imaginação de dois funcionários do CDS que teriam inventado nomes para justificarem doações em dinheiro, agora, não passa de um nome num email.

Assim, Capelo Rego, que conseguiu doar dinheiro ao CDS, não vai conseguir votar nas primárias do PS. É que os socialistas gabam-se da “rede de segurança” apertada no controlo dos simpatizantes: “Mas ainda que existisse [o email] e que a inscrição fosse validada, no dia da votação o senhor Jacinto Leite Capelo Rego teria, obrigatoriamente, de se apresentar com o seu documento de identificação civil”.

Apesar de todas as confusões e denúncias de parte a parte sobre irregularidades nestas eleições, a Comissão Eleitoral esclarece que não há na Comissão “qualquer registo de denúncia de inscrições falsas”.