Em Portugal, a Constituição garante no artigo 59º que todos os trabalhadores, sem exceção, têm direito a uma organização do trabalho “em condições socialmente dignificantes”, que tornem possível “a realização pessoal” e permitam “a conciliação da atividade profissional com a vida familiar”. Nos últimos anos, a CITE (Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego) tem vindo a promover ações de sensibilização sobre a importância deste tópico, nomeadamente através de campanhas de sensibilização para trabalhadores e empregadores. Uma realidade cada vez mais difícil devido à omnipresença dos instrumentos de trabalho e aos avanços tecnológicos.
Outro documento que evidencia a importância desta separação, é a resolução do Parlamento Europeu sobre a conciliação entre vida profissional, familiar e privada, que data de 2003. Entre outros aspetos, os eurodeputados concordaram que esta conciliação é decisiva “para a luta contra o problema demográfico com o qual são confrontados os Estados-Membros”.
Para além das obrigações dos Estados em assegurarem estas duas dimensões da vida dos seus cidadãos, o Guardian dá 10 dicas para que as horas passadas fora do trabalho sejam melhor aproveitadas:
1. Afasta-se do e-mail
Em abril, os patrões e sindicatos franceses dos engenheiros e dos informáticos acordaram que passaria a haver uma “obrigação de desconexão” do local de trabalho, após o final do expediente. Uma solução a adotar noutros setores?
2. Diga que não
A Fundação de Saúde Mental do Reino Unido indica que sempre que o trabalho esteja a exigir demasiado de si, deve falar com o seu patrão. Estas conversas podem não só ser úteis para si, mas para todos os colegas de trabalho.
3. Trabalhe de forma mais inteligente em vez de trabalhar mais
Também neste ponto, a Fundação de Saúde Mental do Reino Unido aconselha a que os trabalhadores aprendam a prioritarizar a carga de tarefas diárias de modo a que passem menos tempo nas menos importantes. isto faz com que se gaste menos tempo no geral em tarefas que “roubam muito tempo”.
4. Deixe o trabalho no trabalho
“Tente assegurar que há uma linha que divide o trabalho do lazer. Caso traga trabalho para casa, tente trabalhar apenas numa das divisões da casa para quando terminar, conseguir fechar a porta ao trabalho”, lê-se ainda nos conselhos da Fundação de Saúde Mental do Reino Unido.
5. Esqueça a perfeição
Segundo o Guardian, o site Netmums – que dá dicas sobre maternidade – diz que “não interessa se a sua casa não está imaculada e se os seus filhos não estão alimentados com comida super-nutritiva”.
6. Não seja um mártir
“Os mártires do sobrecarregam-se com trabalho, não aceitam ajuda e não delegam nos colegas de forma a serem reconhecidos pelo seu trabalho”, aconselha a Equal Approach, uma consultora de recrutamento inclusivo britânica. Esta sobrecarga “leva a queixas” e pode “prejudicar a carreira”, segundo esta instituição.
7. Viva com menos adrenalina
A Forbes diz que a adrenalina resulta do medo, já que é criada quando há uma situação de perigo ou de luta. E assim, se por um lado a adrenalina faz com que o trabalhe melhore no curto prazo, pode tornar-se viciante e ter consequências a longo prazo.
8. Tenha outros interesses fora do trabalho
A Fundação de Saúde Mental do Reino Unido diz que há uma ligação entre o stress no trabalho e a doença mental, por isso, e de forma a reduzir o stress, é importante fazer exercício, relaxar e ter hobbies.
9. Faça-os esperar
Ao Guardian, o autor Oliver Burkeman diz que se deve dizer aos colegas que vão ter uma resposta entre 24 a 48 horas em vez de responder imediatamente. “Desde que seja de confiança e responda no prazo dado, é supreendente quanto isto não incomoda as pessoas”, afirma Burkeman, que escreveu o livro “Help! How to Become Slightly Happier and Get a Bit More Done” (ou ajuda, como ser um pouco mais feliz e fazer um pouco mais).
10. Faça as suas próprias regras
A esmagadora maioria da geração que está agora a chegar ao mercado de trabalho considera que deve definir as suas próprias horas e padrões de trabalho. Um estudo indica que 81% dos jovens que chegaram à idade adulta nos anos 2000 prefere estabelecer as sua próprias rotinas de trabalho.