O CDS entende que não se pode pôr em causa a bondade dos vistos Gold, criados em 2012 por iniciativa de Paulo Portas, e está indignado com o ataque que o PCP e o BE fizeram ao agora vice-primeiro-ministro, na sequência da investigação que já levou à detenção de 11 pessoas por suspeitas de corrupção na concessão destes vistos.
“O modelo é bom, magnífico, para captar investimento estrangeiro e muitos países também têm este tipo de vistos. Será um erro pô-los em causa”, afirmou ao Observador o deputado centrista Hélder Amaral. “Todos nós tiramos cartas de condução e há pouco tempo houve um megaprocesso de corrupção e não me parece que se vá acabar com as cartas de condução”, acrescenta.
Amaral admite, ainda assim, que algum tipo de mecanismo, no processo de concessão de vistos, possa ser revisto, na sequência da investigação judicial.
As declarações do PCP e do BE sobre o papel de Paulo Portas neste caso também deixaram irritados os centristas. O PCP chegou mesmo a dizer que o mecanismo criado pelo atual vice-primeiro-ministro está a funcionar para promover “atos de corrupção e branqueamento de capitais”. “É o desespero por parte de certas forças políticas prededoras”, afirma, manifestando-se indignado.
O PCP e o BE pediram na quinta-feira a presença de Portas no Parlamento para que explique a “esta figura dos vistos Gold e as consequências que ela tem vindo a criar”. O próprio Portas entregou, em março de 2013, o primeiro visto Gold a um investidor estrangeiro, o indiano Muthu Nesamanimaram.
“Os relatórios internacionais estão a dizê-lo cada vez mais e a imprensa estrangeira também. O facto de termos atingido 1.000 milhões de euros em dois anos através de políticas que ligam investimento e autorizações de residência significa que os chamados vistos Gold são um caso de eficácia nas políticas pró-crescimento”, defendeu, já este ano, o vice-primeiro-ministro.
Os vistos Gold têm sido criticados por não estarem a captar investimento produtivo, ou seja, criação de empresas e postos de trabalho. A maior parte dos 1.108 milhões já investidos por estrangeiros tem a ver com compra de imobiliário.
Hélder Amaral responde: “Claro que todos criam emprego. Quando se compra uma casa, ajuda os empreiteiros, as empresas de mudanças e de mobiliário”.
Entretanto, a maioria confirmou esta sexta-feira que vai viabilizar a audição do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, no Parlamento, a propósito do escândalo que envolve a atribuição, alegadamente, corrupta de vistos Gold.
“Para falar dos vistos ‘gold’, o doutor Paulo Portas está disponível. Aliás, não me recordo de ele ter-se negado a vir à Assembleia da República”, disse Nuno Magalhães aos jornalistas no Parlamento, citado pela Lusa, sublinhando que esses esclarecimentos não são sobre a questão judicial.