António Piedade escreve desde que se lembra. “Sempre gostei de registar por escrito a minha impressão do mundo”, diz ao Observador. A minha primeira história que escreveu falava sobre uma fábrica de Loulé que lançava muitos fumos e ameaçava o ambiente. Tinha então nove anos. Agora, prepara-se para lançar o quarto livro de divulgação científica, “Íris Científica 2”, no Rómulo – Centro de Ciência Viva da Universidade de Coimbra.

O livro que será apresentado pelo físico e divulgador de ciência Carlos Fiolhais retoma o primeiro livro de António Piedade. O livro publicado em 2005 foi inspirado na rubrica semanal que mantinha do Diário de Coimbra. O autor é consultor científico do projeto “Ciência na Imprensa Regional” da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica – Ciência Viva e no livro “Íris Científica 2” rescreve alguns dos temas que explorou na imprensa regional desde 2012.

“Se a face oculta da Lua, espaço de mistério romântico, sempre alimentou a curiosidade científica, a face ou disco oculto do Sol esconde informação que nos é útil.” Íris Científica, 2014

Quando escolheu “Íris Científica” António Piedade procurava “um nome mais poético” para os seus textos de ciência. Embora admita que “não é fácil escrever num tom poético quando se tenta escrever com rigor científico”, o autor entende que tem evoluído a forma de escrita nos últimos anos. A ideia é “incendiar a imaginação do leitor” com uma linguagem acessível, abordando temas que vão de um universo vazio a um cérebro cheio de neurónios, passando pelo sonho, a domesticação dos coelhos ou a radioatividade.

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Se tivesse de escolher apenas uma das mais de 30 histórias deste livro, António Piedade escolheria “O sonho”. “O sonho é, de facto, uma constante da vida e da história humana”, escreve no livro, mas a escolha tem mais a ver com a formação académica – a bioquímica. “Os bioquímicos acusam-me de não escrever sobre bioquímica”, diz o autor, um amante confesso da astronomia. “Mas há uma certa bioquímica neste texto [“O sonho”]. E no [da composição] das lágrimas também.” Não é, contudo, a primeira vez que escreve sobre bioquímica – já dedicou um livro completo a este tema. “Silêncio prodigioso”, de 2012, “é uma história bioquímica para crianças e para mães”.

O vazio do universo é, segundo o autor, “incomensurável”. No átomo de hidrogénio, o mais abundante do universo, “cerca de 99,9999% é vazio”.

Os temas que escolhe baseiam-se muitas vezes nas perguntas feitas pelos leitores e escreve de maneira a que mesmo quem não tem formação científica possa entender. De tal forma que o primeiro livro “Íris Científica” está incluído no Plano Nacional de Leitura. O livro que agora se apresenta é uma edição de autor e, por enquanto, só pode adquirindo contactando António Piedade diretamente (apiedade@ci.uc.pt) ou durante o lançamento, no próximo dia 16 de dezembro às 18h.