Não especifica o valor, mas António Costa diz que quer um “aumento significativo” do salário mínimo nacional. Numa entrevista ao Correio da Manhã, o líder do PS defende que o país precisa de um “choque de rendimento” e, consequentemente, de um aumento do salário mínimo. Só assim, diz, se conseguirá estabilizar a economia e caminhar para o crescimento.
“O aumento do salário mínimo nacional é absolutamente essencial para devolver confiança às pessoas”, afirma Costa, para quem o atual Governo “andou até à última hora a procurar impedir” a atualização do salário mínimo para chegar a um aumento de 20 euros (de 485 para 505 euros), num acordo que entrou em vigor em outubro passado.
Não arrisca dizer de quanto deve ser o aumento, já que essa decisão tem de passar pela concertação social, mas lembra que a meta está atrasada e põe a baliza nos 522 euros. Costa lembra que o governo anterior já tinha planeado aumentar para 500 euros em 2011, medida que foi interrompida devido à crise, “pelo que este ano já devíamos ter chegado aos 522”, diz.
Mas o aumento do salário mínimo nacional não é a única prioridade para colocar a economia nacional a crescer, de acordo com a opinião de António Costa. “O relançamento da construção é absolutamente capital para o futuro do país”, afirmou.
Questionado se quando estiver no Governo irá aumentar os impostos, António Costa afirmou que só vai assumir “compromissos de matéria fiscal depois de estar concluído o estudo sobre o cenário macroeconómico” e depois de ter uma estratégia orçamental, algo que vem repetindo desde que foi eleito candidato a primeiro-ministro. “Neste momento, em que estamos muito longe das eleições legislativas, não vou prometer o que depois possa não cumprir”, explicou. No seguimento do mesmo tema, classificou a sobretaxa do IRS como “fortemente regressiva”, mas deixou o compromisso desta vir a ser eliminada para mais tarde.
Já sobre a privatização da TAP anunciada pelo Governo, o candidato a primeiro-ministro do PS não esteve com rodeios e classificou-a como um “erro”. “Se há necessidade de capitalização da TAP, há formas de o fazer sem passar pela privatização”, afirmou. E a venda da PT? “É um bom exemplo do desastre quando o Estado decide abdicar de manter instrumentos fundamentais de intervenção em setores estratégicos da economia”, reiterou.
Ainda na mesma entrevista, António Costa critica o papel do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, devido a ter alimentado “a ilusão do Governo de que isto era uma solução sem riscos para os contribuintes”, relativamente à estratégia de recapitalização do Banco Espírito Santo. “Acho que o governador não esteve à altura e isenção e independência que se exige”, disse.