Catorze elementos da comissão dinamizadora do movimento “Junto Podemos” decidiram dissolver este órgão eleito há cerca de um mês em assembleia, disse neste sábado à agência Lusa um dos seus membros. A comissão dinamizadora do “Junto Podemos” foi eleita a 14 de dezembro de 2014 numa “assembleia cidadã” realizada em Lisboa com o objetivo de dar seguimento ao processo de alargamento do movimento, tendo também ficado em aberto a possibilidade da sua constituição em partido.

Cerca de um mês depois, 14 dos 21 elementos do único órgão representativo do movimento decidiram dissolver a comissão dinamizadora por não quererem partidos organizados dentro do “Junto Podemos”. “A comissão dinamizadora, na sua última reunião, considerou que havia uma tentativa de tomada de poder por parte de um partido organizado e não conseguia ter condições, do ponto de vista formal, para impedir essa tomada”, disse à agência Lusa Nuno Ramos de Almeida, que integra o grupo dos 14 membros que decidiram dissolver a comissão.

Nuno Ramos de Almeida adiantou que foi decidido dissolver a comissão, “de modo a separar os elementos que não são desse partido”, referindo-se ao Movimento Alternativa Socialista (MAS), liderado por Gil Garcia.

Em comunicado, os 14 membros que dissolveram a comissão acusam o MAS “de uma estratégia de ocupação e tentativa de controlo externo de um movimento que se queria aberto e para onde convergiram pessoas vindas de vários quadrantes”.

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“Não é possível trabalhar com quem não se tem confiança política e pretende apropriar-se de um trabalho coletivo para fins partidários estranhos ao Juntos Podemos”, lê-se no comunicado subscrito pelos 14 elementos, entre os quais a ex-deputada do Bloco de Esquerda Joana Amaral Dias e o sindicalista António Mariano. No comunicado, referem igualmente que assumiram uma “rutura com quem ativamente boicotou o processo”. Nuno Ramos de Almeida disse, ainda, que os 14 elementos vão decidir esta semana o que vão fazer no futuro, podendo constituir um novo movimento, já que atualmente “há uma disputa sobre o nome” do “Juntos Podemos”.

Contactado pela agência Lusa, Gil Garcia, dirigente do MAS, disse que o movimento vai continuar, porque os elementos que dissolveram a comissão dinamizadora são uma minoria do “Juntos Podemos”. Gil Garcia adiantou que o movimento vai realizar, no próximo dia 24, uma assembleia-geral no Porto, como estava previsto, e vai novamente votar a passagem a partido político para se poder candidatar nas próximas eleições legislativas.

O dirigente do MAS acusou os 14 elementos de se terem apropriado da comissão instaladora, referindo que tomaram essa decisão porque não concordam com a passagem do movimento a partido. “Estão a utilizar o MAS como bode expiatório, mas esses senhores são uma minoria”, disse, sublinhando que a comissão dinamizadora não tem poderes para dissolver o movimento “Juntos Podemos”.