O PCP considerou esta terça-feira que as restrições de circulação para carros anteriores a 2000 no centro da cidade de Lisboa são uma “profunda injustiça social”, defendendo também que existe falta de alternativa quanto a transportes públicos.

A medida, implementada na semana passada, prevê que os carros com matrículas anteriores a 2000 não possam circular na zona 1, que vai do eixo da Avenida da Liberdade à Baixa (limitada a norte pela Rua Alexandre Herculano, a sul pela Praça do Comércio e abrangendo a zona entre o Cais do Sodré e o Campo das Cebolas).

Já os carros com matrículas anteriores a 1996 ficam impedidos de circular na zona 2 (definida pelos limites Avenida de Ceuta, Eixo Norte-Sul, Avenidas das Forças Armadas, dos Estados Unidos, Marechal António Spínola, do Santo Condestável e Infante D. Henrique).

Esta “não só é uma medida de profunda injustiça social, como é uma amostra de profundo desconhecimento da cidade, das suas zonas limítrofes e das dinâmicas criadas pelas deslocações diárias para os locais de trabalho e serviços públicos”, consideram os comunistas, num comunicado hoje divulgado.

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Na nota assinada pelo vereador Carlos Moura e pelo responsável da Organização da Cidade de Lisboa do PCP, Gonçalo Tomé, lê-se que “estas medidas refletem ainda um profundo desconhecimento das causas reais do excesso de circulação automóvel dentro da cidade, pois a falta de alternativa credível em termos de transportes públicos, com elevados tempos de espera, níveis de conforto inaceitáveis, transbordos incómodos e elevados custos de bilhética, são os principais fatores que impedem uma maior utilização dos mesmos”.

Estas restrições de circulação enquadram-se na terceira fase das Zonas de Emissões Reduzidas (ZER).

A segunda fase foi implementada em 2012 e a primeira criada em 2011.

“Não há indícios de que a diminuição verificada nos índices de poluição do ar se relacione com as medidas aplicadas anteriormente pela Câmara de Lisboa, tal como afirma o executivo PS”, argumentam.

Para os comunistas, “numa época de crise em que diminuem o emprego e os rendimentos, era previsível que diminuíssem também o número de viaturas em circulação, o que não se traduziu no aumento do número de utentes a utilizar os transportes públicos”.

Por isso, concluem que a diminuição da poluição do ar só pode ser conseguida com uma rede transportes públicos rápida, fiável, confortável e de baixo custo.