A lista provisória foi recolhida pelo semanário franco-português LusoJornal. O seu diretor, Carlos Pereira, disse à agência Lusa que se tratou de um trabalho exaustivo em que se aguardou pela “publicação da lista definitiva dos candidatos, há mais de uma semana” e depois se verificou “um por um” através de telefonemas para as autarquias e para a rede de colaboradores locais.
“Há 97 departamentos e em cada departamento há entre 10 a 20 cantões. Cada cantão tem entre dois a sete ou oito binómios de candidatos”, explicou Carlos Pereira, sublinhando que “na esmagadora maioria dos casos, o LusoJornal confirmou as origens portuguesas e apenas ficaram uns 15% por confirmar”. De fora da lista – publicada na edição desta semana do jornal – ficaram “os Garcia e os Costa porque grande parte são espanhóis, ainda que haja alguns portugueses”, ficando também excluídas “as portuguesas que têm nomes franceses por se terem casado com franceses”.
Questionado sobre o número de cidadãos de origem portuguesa a concorrer pela extrema-direita, Carlos Pereira manifestou-se “surpreendido com o aumento”. “Nas últimas municipais até já mudou um bocadinho, mas nas anteriores os Verdes tinham sempre muitos candidatos portugueses. Agora, os Verdes não têm quase nada, o PS e a UMP continuam a ter bastantes. Que o FN tenha subido assim tanto, é estranho”, considerou o diretor do semanário cuja primeira edição surgiu em setembro de 2004.
Para explicar a adesão à extrema-direita, Carlos Pereira lembrou a piada do humorista francês Coluche segundo a qual “os portugueses chegaram a França e roubaram o pão aos árabes”, completando que “os portugueses foram postos do lado dos bons imigrantes e acham que os outros são os maus imigrantes”.
Daniel Fernandes, de 55 anos, é candidato do FN no cantão de Guingamp, no departamento Côtes d’Armor, na região da Bretanha, mas as raízes portuguesas são para ele parte do passado. “O meu pai nasceu em França e nunca falámos português, nem nunca fui a Portugal”, contou o candidato do FN, em francês.
O avô de Daniel Fernandes era português, originário da freguesia de Louriçal, no concelho de Pombal, mas desde a sua morte, em 1945, a língua e a tradição portuguesas perderam-se na família. Daniel Fernandes explicou, ainda, que é um estreante na política e que integrou uma lista do partido liderado por Marine Le Pen porque “os políticos da direita” já não o satisfaziam, elencando como os principais problemas do seu departamento “os impostos e o desemprego” e sublinhando que se trata “essencialmente de uma eleição local”.
A primeira volta das eleições departamentais é a 22 de março e a segunda realiza-se uma semana depois, apenas podendo votar os cidadãos com nacionalidade francesa. Uma sondagem do instituto IFOP, publicada na segunda-feira no jornal Le Figaro dava o FN como vencedor na primeira volta, com 30% das intenções de voto, contra 28% para a aliança de direita UMP-UDI e 20% para o Partido Socialista, do Presidente da República, François Hollande..