Ricardo Ribeiro queria fazer análises à gordura. Desenvolveu uma tecnologia, participou no programa COHiTEC – acção de formação em comercialização de tecnologias promovido pela Cotec – Associação Empresarial para a Inovação, e deparou com um problema: a base de dados. Melhor, o tempo que a tecnologia demorava a processar todos os dados: uma semana e dois dias.

“Paramos tudo e fomos tentar resolver este problema”, contou ao Observador.

Para uma necessidade na área da biomédica, uma solução tecnológica para quase todas as indústrias. E assim nasceu a pknoa!, o projeto que na sexta-feira recebeu o prémio da Caixa Capital para a startup mais promissora da edição primaveril do programa de aceleração de negócios do Lisbon Challenge, desenvolvido pela Beta-i – Associação para a Promoção do Empreendedorismo e Inovação.

Com a Pknoa, Ricardo Ribeiro, 32 anos, e Wilson Edgar, 37, criaram “uma nova forma de lidar com os dados, tão natural como a nossa comunicação”. A tecnologia que desenvolveram aceita 5,5 milhões de dados por segundo, que entram no software com “enorme rapidez e enorme liberdade”, aos quais se junta uma camada de inteligência artificial.

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“Quando os dados começam a entrar na base de dados, são automaticamente processados do ponto de vista matemático. Isto não só aporta valor em termos de rapidez e fluxo, mas também aporta valor a esses dados. Porque deixa de ser preciso um programa como o Excel ou algo mais complexo para trabalhá-los”, explica ao Observador.

De uma semana e dois dias, passaram para quatro milissegundos. A solução para a análise de gordura caiu por terra e focaram-se em utilizar a tecnologia que tinham desenvolvido em áreas como a internet of things (tecnologia que liga aparelhos do dia a dia à rede de internet). Daí nasceu o primeiro projeto da pknoa!, com a Nutricafés – Ricardo e Wilson desenvolveram um hardware que ligam às máquinas de café e que permite ter acesso em tempo real a todos os impulsos que a máquina está a ter.

E foram bater a várias portas. Entre os primeiros clientes, estão o grupo Impresa (detentor do Expresso), a Portugal Telecom, Nicola e o Hospital Veterinário Muralha de Évora. Mas Ricardo Ribeiro explica que o cliente alvo da pknoa é toda a indústria, dos sites às telecomunicações ou até à rede multibanco.

Lançado com capitais próprios, cerca de 50 mil euros, para avançar para a próxima fase (desenvolver um kit que permita que o cliente possa utilizar a tecnologia sem depender de um técnico da pknoa!), Ricardo e Wilson vão precisar de um investimento de cerca de 600 mil euros.

Para Stephan Morais, administrador da sociedade de capital de risco do grupo Caixa Geral de Depósitos, a caixa Capital, a pknoa! é um projeto que pode “revolucionar completamente uma grande indústria, a de base de dados”. E explica que é isso que os investidores querem: projetos que sejam verdadeiramente transformadores de uma indústria.

“Isto é um projeto que se resultar é 19 ou 20 vezes melhor que o que existe mundialmente e destacou-se por isso”, explicou Stephan Morais ao Observador.

A Caixa Capital distinguiu a startup mais promissora do Lisbon Challenge Spring’15 edition com um prémio de 50 mil euros em investimento, no âmbito do Lisbon Investment Summit, qualificando-a para o prémio Caixa Empreender Award 2016, onde pode receber um investimento adicional de 100 mil euros.

E porquê “pknoa!”? Porque é “Predictive Knowledge and Operational Analyttics”, mas também é Pilar, Kika, Constança e Noa , os nomes das filhas dos fundadores.