Da lista de mais de 77 mil espécies de seres vivos, 23 mil estão em vias de extinção noticiou a International Union for the Conservation of Nature (IUCN). A instituição, responsável pelos esforços na conservação das espécies prestes a extinguirem-se, atualizou a “Red List” onde se incluem esses animais e plantas e levantou novas preocupações sobre a manutenção da biodiversidade.
Mundo animal
Alguns dos animais presentes nesta lista vermelha são o leão, o caranguejo e o gato dourado selvagem.
Em África, a caça ilegal e a utilização dos ossos do leão para a medicina tradicional são os grandes responsáveis pela ameaça de extinção que recai sobre este felino.
Mas a perseguição ilegal a determinados animais e a introdução de espécies alóctones – isto é, que não sejam naturais do local em causa – são as responsáveis por 85% dos casos de ameaça para as espécies, conforme explica a IUCN.
Nos caranguejos, duas espécies estão debaixo de olho da IUCN: a Karstama balicum e a Karstama emdi, que só podem ser encontrados numa gruta em Bali, o que os torna muito raros. O turismo crescente da ilha indonésia e os rituais religiosos que têm lugar nessas caves puseram as espécies em perigo. De acordo com a instituição, estão já a ser estudadas estratégias apropriadas para enfrentar o problema.
Outra espécie destacada pela IUCN como estando em iminência de extinção é a do gato dourado africano. A par deste animal está o leão marinho da Nova Zelândia, posto em perigo devido a doenças, a modificações na cadeia alimentar e à captura acidental por pescadores.
Mas nem tudo são más notícias, embora Inger Andersen, um dos membros da instituição, tenha realçado que “o nosso mundo natural está a tornar-se cada vez mais vulnerável”. O trabalho efetuado com o lince ibérico, em Portugal e Espanha, é o mais notável: em 2002 existiam apenas 52 elementos desta espécie, mas uma década mais tarde o número já subiu para 156.
Foram muitos os fatores que contribuíram para esse sucesso: a equipa da IUCN conseguiu aumentar a população de coelhos – que representam o alimento mais caçado pelos linces -, monitorizar a caça ilegal e fazer acordos com os proprietários de terrenos em Portugal em Espanha, para que equipassem as terras com sistemas de conservação em troca de recompensas monetárias.
“Mas o trabalho está longe de estar terminado”, ressalva Urs Breitenmoser, co-responsável pelo Grupo de Especialistas em Felinos da Comissão de Sobrevivência de Espécies. Um exemplo disso é a conservação do lobo-marinho. Esta espécie já tinha estado ameaçada duas vezes, nos séculos XIX e XX. Nos anos cinquenta havia apenas 250 lobos-marinhos de Guadalupe e, apesar de o número ser oitenta vezes maior em 2010 (com 20 mil indivíduos), continua dez vezes menor do que quando o Homem iniciou a sua caça intensiva.
Mundo vegetal
São oitenta e quatro as orquídeas existentes na Ásia que estão em perigo de extinção, de acordo com os dados recolhidos pela IUCN. Este número representa 99% das espécies desta flor, muito utilizada para fins decorativos.
O regulamento da Convention on International Tradde in Endangered Species (CITES) proíbe a exportação das orquídeas asiáticas, mas a iliteracia sobre este assunto provoca um enfraquecimento das estruturas de proteção e compromete o sucesso do programa. De qualquer modo, são as espécies selvagens as mais ameaçadas: veja-se o caso Paphiopedilum Lilás, uma flor exótica muito rara oriunda da China e Vietname cujo habitat está em degradação e que a produção hortícola está a destruir.
As novas entradas na Red List (lista vermelha das espécies ameaçadas) vêm da Índia: quarenta e quatro plantas utilizadas na medicina tradicional estão ameaçadas pela destruição do habitat, que passou de selvagem a solo agrícola. Mas nem toda esta flora está posta em causa devido à ação humana: há uma planta venenosa da região dos Himalaias, e que também existe noutras zonas da Índia e Paquistão, que está ameaçada devido às avalanches.
Os estudos da IUCN determinaram que o território africano é o mais ameaçado no que toca à biodiversidade. A vida selvagem do oeste e centro de África está em perigo devido a perda de habitat, urbanização e expansão da exploração agrícola de uma forma insustentável.
De entre as espécies nativas destas regiões, 10% dos anfíbios, aves e mamíferos estão em perigo de desaparecer. Quantos aos peixes, a percentagem sobe para 17%. Certas espécies têm menos de 100 indivíduos vivos em estado selvagem.