Entre 1 de janeiro e 15 de agosto de 2015 registaram-se 74 mil acidentes rodoviários, mais 4.400 do que no mesmo período do ano passado, revelam os últimos dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR). O número de mortes aumentou 11,5%, tendo sido registados mais 31 mortos até agosto deste ano do que no período homólogo do ano passado – um aumento de 270 mortes para 301. Também os feridos graves acompanham este crescimento. Foram registados mais 100 feridos graves nos primeiros oito meses deste ano do que no mesmo período de 2014, um aumento de 1.238 para 1.338.
As vítimas mortais em causa ocorreram no local do acidente ou durante o transporte até à unidade de saúde. Estes valores contrariam a tendência de diminuição de mortos na estrada que se tem verificado desde 2005 – apenas em 2007 e 2010 é que o número de mortos aumentou 0,5%, tendo diminuído nos restantes anos deste período.
Nestes dados ainda não estão registados os três mortos e um ferido grave que resultaram de uma colisão entre duas viaturas na N125, perto de Loulé, esta segunda-feira.
Os distritos com mais sinistralidade são Lisboa, Porto, Braga, Aveiro, Faro e Setúbal (por esta ordem). Os que registaram mais vítimas mortais este ano em comparação com 2014 foram Porto, Lisboa, Aveiro, Setúbal e Beja. Os distritos onde se registou um número inferior de mortos face ao ano passado foram Bragança, Coimbra, Évora, Viana do Castelo e Vila Real.
“Ainda é um pouco cedo para conclusões mas parece que um dos fatores para este aumento dos acidentes estará numa certa ideia de retoma económica que trouxe um regresso dos portugueses às estradas”, referiu o tenente-coronel Lourenço, da Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária do comando operacional da GNR ao Diário de Notícias (DN) esta terça-feira. “Também existem indicadores do aumento do consumo de combustível até maio que vão nesse sentido”, afirmou.
De acordo com o tenente-coronel Lourenço, esta tendência “não é exclusiva de Portugal mas está também a acontecer em Espanha, nas regiões mais ricas da Alemanha, na Holanda e no Reino Unido”. Tal como aconteceu no ano passado, “os acidentes mais graves têm acontecido fora das autoestradas, em estradas nacionais e arruamentos”. “Para além das vítimas mortais, é uma preocupação da GNR o aumento dos feridos graves”, reitera.
O presidente da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACAM), Manuel João Ramos, afirma ao DN que “a fição de que já não estamos em crise tem levado a um aumento da sinistralidade desde o início do ano”, temendo-se assim “o regresso à loucura que havia há dez anos nas estradas nacionais”.