Parece que as eleições na Grécia não passaram mesmo por Portugal. Passos Coelho diz que se tratam de dois países diferentes, numa reformulação do “Portugal não é a Grécia”, e o líder socialista faz o mesmo afastamento, mas por motivos diferentes. Diz que “o que se discute em Portugal não tem nada a ver com o que se discute na Grécia”.

Vitória do Syriza preocupa Passos? “Nada, as nossas eleições são num clima bem diferente”. Foi numa declaração para os jornais da SIC e, depois, da RTP, que Passos reagiu a quente ao resultado eleitoral na Grécia, que dá vitória ao Syriza: “Eu não tenho estados de alma. Posso apenas dizer que, felizmente, Portugal vive hoje um clima bastante diferente daquele que se vive na Grécia”, disse, quando questionado sobre o que sentia face ao resultado. O argumento é o da instabilidade de Atenas contra a estabilidade de Lisboa.

Nós vimos na Grécia realizarem-se este ano por duas vezes eleições gerais, felizmente nós tivemos estabilidade nestes quatro anos e enfrentamos agora as eleições com uma coligação que não só foi coesa e chegou ao fim do seu mandato, mas dá uma perspetiva muito diferente da que, infelizmente, os gregos têm, que é um novo programa e a austeridade”, disse.

Ou seja, a reação agora é de despreocupação e de demarcação. Quando questionado sobre se a vitória da esquerda em Atenas pode preocupar, numa altura em que os partidos entram na maratona final rumo às eleições, Passos afasta a preocupação. “[Não preocupa] nada, é um resultado que eu respeito, são as eleições na Grécia, não tenho nenhum comentário a fazer, exceto dizer aquilo que já tive ocasião de sublinhar hoje: felizmente, Portugal teve uma estabilidade que a Grécia não teve nestes anos. E, portanto, as nossas eleições decorrem num clima bastante diferente”.

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Até ontem, contudo, o tema Grécia cabia em todas as intervenções de Passos ou Portas, com maior ou menor destaque. Ora para colar o PS ao Syriza, ora para erguer a bandeira do medo em relação à situação de instabilidade que se vive em Atenas, numa altura em que caminha para um terceiro resgate e para um sexto governo no espaço de quatro anos.

“Estamos a preparar um futuro intensificando a recuperação da nossa economia, o crescimento do emprego. Infelizmente, a Grécia tem a perspetiva nos próximos anos de executar um programa que é difícil e que eu espero sinceramente que pelo menos desta vez seja bem-sucedido para que seja a última vez que a Grécia passa por estas dificuldades”, acrescentou.

Também Paulo Portas, falando para uma plateia de militantes em Torres Vedras, quis separar Lisboa de Atenas para mostrar que uma vitória da esquerda em Atenas nada tem a ver com ao caminho rumo às eleições em Portugal. Apenas os timings são semelhantes. “Respeitamos a escolha dos gregos mas o caminho de Portugal é diferente. Foi diferente e diferente será. Eles têm a troika e nós não”, disse.

Já António Costa está “esperançado” no futuro da Grécia e do que isso pode significar para a zona euro, mas também difere as situações.

Foi um António Costa menos efusivo aquele que falou sobre a vitória do Syriza. Disse o candidato a primeiro-ministro que tem “esperança que agora as coisas possam correr com toda a tranquilidade” em Atenas depois da reeleição de Alexis Tsipras, mas que o que se passa lá “não tem nada a ver” com o que se passa em Portugal.

“O que se discute Portugal não tem nada a ver com o que se discute na Grécia. O que se discute em Portugal é saber qual é o caminho que nós vamos seguir a partir de domingo, dia 4 de outubro. Se vamos prosseguir a trajetória que nos tem conduzido ao aumento endividamento e a esta estagnação do crescimento e que aumento o desemprego e a pobreza ou se viramos a pagina para podermos relançar a economia”, disse.

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Para António Costa, estas eleições na Grécia podem ainda servir para ajudar a zona euro: “Tenho esperança que agora as coisas possam correr com toda a tranquilidade e que isso contribua para virarmos também a pagina da crise da zona euro e reforçarmos entre todos os países da zona euro a tranquilidade e serenidade que é necessária”.

Pelo meio ainda deixou o desejo de que “a Grécia encontre um caminho de estabilidade e o caminho do crescimento e aliviar o sofrimento que a austeridade tem imposto ao povo grego, até porque o que os gregos fizeram foi “recusar regressar ao governo de direita”.

Nota: Artigo atualizado às 23h50 com as declarações de António Costa.