Duas vidas. Duas contas. Duas personalidades. Ou simplesmente a realidade contra a virtualidade. Os Finstagrams são as novas contas do Instagram e têm uma particularidade: as fotos não têm o ângulo perfeito, os filtros são indiferentes, as selfies não são bonitas e as fotos dignas de revista de moda não existem.
Outro pormenor: o círculo de seguidores é restrito, só mesmo para amigos, porque os finstagramers não querem partilhar a sua vida (a real?) com todos os seguidores do Instagram “oficial”. São Instagrams falsos, ou talvez aquilo que mais se aproxima da realidade de quem os cria. O Instagram “oficial” é a versão mais glamorosa, onde só cabe a felicidade, as fotos belas de paisagens ou de refeições saborosas partilhadas com amigos.
Os Finstagrams foram criados por jovens que se cansaram dos seus “avatares” online perfeitos. Uma jovem estudante do Trinity College, Amy Wesson, contou ao The New York Times, que tem duas contas. No Instagram oficial tem 2700 seguidores, ao passo que no Finstagram só tem 50. “Nós colocamos coisas que queremos que só os nossos amigos vejam, como imagens pouco atraentes ou histórias aleatórias sobre o dia-a-dia”, disse Amy.
For a certain generation, Instagram has become a life résumé of sorts: “This is me. This is my life. Jealous?” https://t.co/esDj8lZQCH
— The New York Times (@nytimes) November 18, 2015
As “regras” do Instagram são completamente ignoradas neste tipo de contas. Se no Instagram oficial não é bom publicar mais do que uma foto por dia, das bonitas, no Finstagram as fotos são estranhas e as selfies propositadamente feias. Parece ridículo? Não é. Vários especialistas explicam que os adolescentes nascidos na era da omnipresença das redes sociais carregam o peso de gerir vários mundos da sua vida.
“Antes, quando as pessoas estavam a dormir, estavam só a dormir”, disse um professor de psicologia da Universidade Pace, Leora Trub. “Antes ninguém estava a julgar-nos enquanto dormíamos”, acrescentou, explicando que na investigação que realizou descobriu que muitos utilizadores do Instagram sofrem com sintomas depressivos – como medo, solidão ou fadiga.
A verdade é que para muitos jovens as redes sociais se tornaram numa parte das suas vidas que precisa de ser gerida, que precisa de manutenção. Os Finstagrams são a forma de os utilizadores se expressarem sem medo: são a “realidade”.