O secretário de Estado das Infraestruturas recebe esta quinta-feira os três sindicatos que recusaram assinar o acordo com o anterior Governo para a privatização da empresa, com os impactos da venda a marcarem o encontro.

Guilherme W. d’Oliveira Martins tem esta tarde duas reuniões: às 16h30 recebe a Comissão de Trabalhadores da TAP e às 16h30 recebe o SITAVA (trabalhadores da aviação e aeroportos), SINTAC (trabalhadores da aviação civil) e SNPVAC (pessoal de voo).

O encontro foi pedido pelos três sindicatos quando o Governo liderado por António Costa tomou posse e em cima da mesa estará “a privatização da TAP em geral”.

No entanto, Nuno Fonseca, dirigente do SNPVAC, destacou três temas que, até por estarem na ordem do dia, vão estar no centro da discussão: o futuro da Portugália, a base do Porto e a entrega dos voos dados à OMNI.

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Em suma, resumiu Nuno Fonseca, “o que vai acontecer à TAP” é o mote do encontro, até porque “o consórcio Gateway não terá o capital necessário” para investir na empresa, “uma preocupação” que o SNPVAC apresentava “desde o início”.

Em cima da mesa deverá estar também o acordo recentemente alcançado entre o Governo e o consórcio Gateway.

Na sexta-feira, o secretário de Estado volta a sentar-se à mesa para ouvir a Plataforma de sindicatos e, na segunda-feira, para uma reunião com o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC).

O acordo alcançado entre o Governo e a Gateway prevê que o Estado pague 1,9 milhões de euros para ficar com 50% da empresa (em vez de 34%), enquanto o consórcio privado passe de 61% do capital da companhia para 45%, podendo chegar aos 50%, com a aquisição do capital à disposição dos trabalhadores.

O Estado passa ainda a nomear o presidente do conselho de administração da companhia aérea, composto por 12 elementos – seis escolhidos pelo Estado e seis pelo consórcio privado. Já a comissão executiva, liderada por Fernando Pinto, terá três membros, nomeados pelos acionistas privados.

O semanário Expresso noticiou na sua edição de sábado que o “Governo deixa entrar chineses no capital da TAP”, sublinhando que o executivo de António Costa “assinou cláusula” para a HNA ter 10% da empresa.

Sobre este assunto, o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, considerou na segunda-feira que o “espanto” ou a “surpresa” sobre a eventual entrada de capital chinês na TAP não tem razão de ser e adiantou que comentou o assunto no parlamento.

Por outro lado, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, tem criticado a estratégia da TAP para o Porto e admitiu vir a “apelar ao boicote da região” à transportadora, acusando-a de ter em curso uma estratégia para “destruir o aeroporto Francisco Sá Carneiro”, com vista a construir em Lisboa “um novo aeroporto e uma nova ponte”.

Rui Moreira reuniu-se com o diretor de rotas da Ryanair terça-feira para solucionar as rotas abandonadas pela TAP de Barcelona, Milão, Bruxelas e Roma, e a companhia aérea ‘low-cost’ anunciou também terça-feira, em conferência de imprensa, voos adicionais a partir do Porto para Barcelona, Milão e Bruxelas, as rotas que foram suspensas pela TAP, e Madrid, bem como uma nova ligação para Varsóvia (Polónia) a partir de outubro.

A TAP reiterou que as quatro rotas europeias canceladas a partir do Porto representavam um prejuízo de 8,02 milhões de euros, mas a 03 de fevereiro a Câmara afirmou que as ligações tiveram em 2015 uma “ocupação média de 90%”, representando “o transporte de perto de 190 mil passageiros, em 1.867 voos de ida e volta”.