A Mobile World Congress 2016 (MWC) mostrou que há mais vida no mercado dos telemóveis para além da Apple e da Samsung. Não que as duas empresas não mereçam a atenção e o gosto do público – a própria empresa sul-coreana lançou no evento os modelos Galaxy S7 e S7 Edge como apostas para este ano. No entanto, a concorrência promete aquecer o mercado com as novidades apresentadas esta semana em Barcelona, sobretudo entre os modelos de gama média.

LG, Lenovo, Alcatel, Sony, Xiaomi, HTC, HP, entre outras empresas lançaram novos modelos para atender às diferentes necessidades do público. Na disputa valeu tudo: apostar na realidade virtual, no alto desempenho do aparelho, em conteúdo multimédia, no corpo personalizado e na caixa do aparelho, nos preços reduzidos e até numa câmara térmica.

No rescaldo da maior feira de telemóveis do mundo, mesmo com a habitual ausência da Apple, o Observador reuniu os principais destaques para que fique a conhecer os próximos smartphones que (provavelmente) vai encontrar nas lojas este ano.

As estrelas do MWC 2016: Samsung e LG

As empresas sul-coreanas Samsung e LG protagonizaram este ano a disputa pelo posto de melhor terminal Android com os respetivos lançamentos, o Galaxy S7 e S7 edge e o LG G5. Enquanto os dois primeiros modelos representam uma evolução da série de sucesso da Samsung, o último é um verdadeiro salto em frente. Mas vamos por partes.

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O Observador esteve em Londres na semana passada para conhecer, em primeira mão, os dois lançamentos da Samsung e garante: os novos Galaxy não são máquinas revolucionárias, mas são um dos modelos topo de gama Android mais bem-sucedidos do mercado.

O Galaxy S7 e o S7 edge recuperam o suporte à memória expansível com cartão micro SD, suprimido dos modelos S6 e S6 edge, com a possibilidade de introduzir um cartão microSD de até 200GB no mesmo slot do cartão SIM. Outra característica recuperada é capacidade de submersão na água, no caso até 1,5 metros de profundidade durante 30 minutos.

A bateria dos dois modelos continua a não ser removível, mas a sua capacidade foi aumentada de 2.550 mAh para 3000 mAh no S7 e de 2.600 mAh para 3600 mAh no S7 edge.

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A câmara frontal do S7 e S7 Edge é de 5 megapixels e a câmara principal passa a ter 12 MP, uma redução em relação ao S6 e S6 Edge. A explicação está na tecnologia Dual Pixel, uma abertura maior do obturador e píxeis maiores, com resultados bem visíveis sobretudo em ambientes com pouca luz.

Ciente do grande desafio que é destronar a Samsung, a LG trouxe à MWC 2016 o LG G5, definido pela empresa como “o primeiro smartphone modular”. Enquanto o projeto ARA da Google não sai do papel, o modelo representa um primeiro passo na maneira de personalizar um telemóvel, a partir de componentes substituíveis e de acordo com as necessidades do utilizador.

A especificação padrão do LG G5 conta com um ecrã de 5,3 polegadas, processador octa-core, 4GB de RAM e 32GB de memória e duas câmaras na parte traseira: uma com uma lente padrão de 78º e outra com um ângulo de 135º, a mais alargada aplicada a um smartphone.

Ao clicar num pequeno botão na lateral do aparelho, é possível encaixar os módulos LG Hi-Fi Plus ou o LG CAM Plus. O LG Hi-Fi Plus é um leitor de som portátil, ideal para os fás de música, que permite a reprodução de músicas em 32-bit. Também pode ser usado separadamente como conversor digital-analógico ao conectar-se a outro smartphone ou a um PC. Já o LG CAM Plus é um módulo de câmara que inclui botões físicos para a função ligar/desligar, obturador, gravar, zoom e ecrã LED, além de oferecer um auto focus intuitivo e o bloqueio da exposição de luz. O componente oferece ainda uma capacidade extra da bateria de 1.200 mAh, o que dá até 8 horas extra de vida ao telemóvel (um aumento de 2.800 mAh da especificação padrão para 4.000 mAh), especialmente útil durante viagens.

Para além da personalização, uma das vantagens do conceito modular LG G5 é a substituição, pois caso um componente do telemóvel se avarie, não é necessário substituir toda a máquina.

No meio-campo: Alcaltel, Lenovo, Sony, HP e HTC

No mundo dos smartphones, é preciso encontrar pelo menos uma característica que diferencie um modelo dos seus competidores no “meio-campo” do mercado, mesmo que apresentem características em comum.

É o caso da Alcatel, que se aproveita da crescente tendência da indústria da telecomunicação em investir na realidade virtual para inovar… na embalagem. Os modelos Idol 4 e 4S vêm numa caixa que se transforma numa espécie de óculos de realidade virtual a ser acoplado ao telemóvel, parecido com o Google Cardboard. O “acessório” é compatível com diversas marcas que utilizam esta tecnologia.

Quanto às configurações, o Idol 4 conta com um ecrã full HD de 5,2 polegadas, processador octa-core Snapdragon 61, câmara principal de 13 MP, câmara frontal de 8MP, 3GB de RAM, 16GB de memória de armazenamento e uma bateria de 2,610mAh. Já o Idol 4S vai um pouco mais longe, com um ecrã de 5,5 polegadas com resolução em 2k, processador octa-core Snapdragon 652, câmara principal de 16 MP, câmara frontal de 8 MP, 3GB de RAM, 32 GB de memória de armazenamento e uma bateria 3,000mAh.

Os dois modelos mantêm a possibilidade de usá-los ao contrário, presente no Idol 3, além de introduzir na lateral dos aparelhos o botão “Boom”, para ativar diferentes comandos, como fazer fotos e vídeos, e otimizar o som.

No que diz respeito ao áudio, a Lenovo apresentou na MWC 2016 o Vibe K5 e o Vibe K5 Plus, modelos que utilizam a tecnologia Dolby Atmos, um formato que permite um número ilimitado de faixas de áudio estéreo, como se cada altifalante tivesse o seu próprio feed exclusivo. Apesar de o Dolby Atmos estar presente em modelos topo de gama, como o LG G4 ou HTC One M9, a Lenovo avançou que pretende vender o seu modelo por cerca de 117 euros (Vibe K5) e 136 euros (Vibe K5 Plus), valores inferiores aos telemóveis com a mesma tecnologia.

Os dois smartphones possuem características comuns, como o corpo metálico, processador Octa-core ARM Cortex-A53, 2GB de RAM, 16GB de armazenamento expansível via microSD, câmara traseira de 13MP com flash LED, câmara frontal de 5MP e bateria removível de 2750mAh. As diferenças estão no ecrã de 5 polegadas com resolução 720p e Chipset Snapdragon 415 do Vibe K5, em oposição ao ecrã de 5 polegadas com resolução 1080p e Chipset Snapdragon 616 no Vibe K5 Plus.

Para a Sony, a aposta está na fotografia e na bateria com os modelos X Performance, X e XA da série Xperia. Os três modelos apresentam uma bateria que dura até dois dias, segundo a empresa, e já utilizam o sistema operativo Android 6.0 Marshmallow.

O X Performance e X apresentam uma nova tecnologia de câmara híbrido com focagem automática, que “bloqueia” pessoas ou objetos em movimento na hora de fazer a fotografia, de modo a reduzir o “borrão”. O X Perfomance é o modelo da linha com as características mais avançadas, com 7,6 milímetros de espessura, ecrã full HD de cinco polegadas, processador Qualcomm Snapdragon 820, 3 GB de RAM, câmara principal de 23 MP, câmara frontal de 13 megapixels e 32GB de armazenamento interno. Já o Xperia X tem as mesmas propriedades, mas com um tamanho ligeiramente menor e um processador menos potente, o Qualcomm Snapdragon 650.

A linha Xperia X vem para substituir a família de modelos Xperia Z, que vai ser descontinuada a partir deste ano.

A HP, por sua vez, aposta na Windows para ser o melhor modelo do mercado a utilizar o sistema operativo Windows 10. O Elite x3 promete juntar um phablet, um portátil e um desktop num único dispositivo de modo a executar aplicações de produtividade, sobretudo no contexto empresarial.

Para isto, utiliza a tecnologia Continuum do Windows 10, que transforma o smartphone numa espécie de computador de mesa, através de uma dock da HP, que possui conexões para monitor, teclado e rato, para transformar seu smartphone num desktop. A HP planeia ainda lançar um acessório em formato de notebook de 12,5 polegadas para o Elite x3, o HP Mobile Extender. O acessório não armazena quaisquer dados por questões de segurança e todas as aplicações, passwords e ficheiros são geridos e armazenados a partir do Elite x3.

O novo modelo da HP tem um ecrã de 5.963 polegadas com resolução de 2.560 x 1.440 pixels, com vidro Gorilla Glass 4 resistente à água e ao pó, processador Snapdragon 820, 64Gb de memória de armazenamento expansível com cartão micro SD até 2 terabytes, bateria com capacidade de 4.50mAh (o iPhone 6S Plus e o Galaxy Note 5 têm 2,750 mAh e 3,000 mAh, respetivamente), câmara principal de 16 MP e frontal de 8 MP.

Para a HTC, a aparência é importante para vender os seus telemóveis. Por isso, utilizou nos seus modelos Desire 530, Desire 630 e Desire 825 um processo chamado “Micro Splach”, que imita o efeito de “respingo de pintura” no corpo do telemóvel, de modo que cada modelo tenha uma aparência única.

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As especificações dos três modelos, no entanto, são modestas. O Desire 530 utiliza o processador Snapdragon 210 com 1,5 GB de memória RAM, enquanto o Desire 630 possui o Snapdragon 400 com 2 GB de RAM. Ambos medem 5 polegadas e têm um ecrã de 720 pixels em Super LCD. O Desire 825 possui o mesmo processador Snapdragon400 com 2 GB de RAM, apresenta um tamanho ligeiramente maior com 5,5 polegadas e uma câmara principal de 13 MP, a mesma do Desire 630. Já o Desire 530 tem uma câmara de 8 MP.

Em comum, os três smartphones utilizam o sistema Android Marshmallow e memória de armazenamento de 16 GB expansível.

Modestos, mas eficientes. Quem precisa de mais?

Há quem prefira telemóveis mais modestos com configurações suficientes para ligar e “algo mais”, e a MWC 2016 também trouxe opções.

São os casos do Mi 5 e Mi 5 Pro, os novos modelos da Xianomi, que apresentam o processador Snapdragon 820, o último lançamento da marca Qualcomm também presente no Samsung Galaxy S7 e no LG G5, ideal para ver vídeos ou jogar. Segundo Hugo Barra, vice-presidente da empresa, este será “o primeiro telemóvel com Snapdragon 820 que as pessoas vão comprar”, devido ao preço reduzido estimado em 276 euros para o Mi 5 com 32 GB de memória RAM, 319 euros para o Mi 5 com 64 GB de RAM e 374 euros para o Mi 5 Pro com 128 GB de RAM.

Todos os modelos têm o mesmo desenho, com a parte traseira curvada e a parte frontal flat, bateria de 3.000 mAh, sistema operativo Android 6.0 Marshmallow e possuem um sistema estabilizador ótico. O Mi 5 possui câmara principal de 16 MP e frontal de 4 MP e ecrã de 5,15 polegadas, enquanto o Mi 5 Pro é ligeiramente maior com 5,7 polegadas, câmara principal de 13 MP e frontal de 4 MP.

O Blade V7 e o Blade V7 Lite são os modelos com configurações intermediárias da ZTE. Os aparelhos apostam na durabilidade do seu corpo, revestido em metal, para atrair consumidores que buscam um smartphone resistente a baixo preço. O Blade V7 mede 5,2 polegadas, alimentado por um processador MediaTek MT6753,e possui 2GB de memória RAM, bateria não-removível de 2500mAh , câmara principal de 13 MP e frontal de 5MP. O seu preço estimado é de 250 euros. Ja o Blade V7 Lite é mais modesto, com 5 polegadas e processador MediaTek SOC e câmara principal de 8MP. Tem, no entanto, um diferencial em relação ao seu homólogo V7: um leitor de impressão digital. Ambos utilizam o Android 6.0 Marshmallow.

Quem também aposta no leitor de impressão digital é a empresa espanhola BQ com o Aquaris X5 Plus. Este é o primeiro modelo da BQ a incluir a funcionalidade, que fornece ao dispositivo mais segurança para a autenticação ou em processos de pagamento. O Aquaris X5 Plus também apresenta como novidade a possibilidade de gravar vídeos 4K com a câmara principal de 16 MP, equipada com tecnologia Sony. O aparelho apresenta ainda câmara frontal tem 8MP, ecrã de cinco polegadas com resolução Full HD, processador Snapdragon 652 de oito núcleos e bateria de 3100 mAh.

Por sua vez, a Obi estabeleceu para si mesma um desafio: ser a marca de telemóveis do próximo mil milhão de pessoas que está a chegar no mundo digital. Para isto, anunciou no MWC 2016 o MV1, destinado sobretudo a “mercados emergentes”, como a Ásia, África e América Latina, segundo avança a própria empresa.

O seu principal atrativo está no preço estimado no mercado: 126 euros para o modelo com 1 GB de memória RAM e 135 euros para o modelo com 2 GB de memória RAM. O seu baixo custo, no entanto, implica em configurações mais limitadas: ecrã de 5 polegadas com resolução de 720 x 1280 pixels, bateria de 2,500 mAh, processador Qualcomm 212, memória de armazenamento de 16 GB expansível, câmara principal de 8 MP e frontal de 2 MP.

Aqueles que buscam inovar

Há quem pense que os smartphones estão a ficar cada vez mais parecidos entre si ao oferecer as mesmas características e funcionalidades em todos os modelos. Contudo, há algumas propostas apresentadas na MWC 2016 que buscam inovar ou aperfeiçoar algum conceito ainda pouco explorado.

É o caso do Meizu Pro 5 Ubuntu Edition, “o telemóvel Ubuntu mais poderoso de sempre”, segundo define a empresa Meizu. A proposta é ousada quando retrocedemos no tempo: o Firefox desistiu do Firefox OS, a BlackBerry começou a adotar o Android nos seus novos modelos e a Microsoft dedicou os seus eforços no último ano para aperfeiçoar as suas aplicações para Andoid e iOS. O Meizu Pro 5, no entanto, não é a primeiro smartphone a utilizar este sistema operativo: o Aquaris E4.5 Ubuntu Edition da empresa BQ lançado em 2015 detém o título.

Um dos conceitos chave mais importantes do aparelho é o “scopes”. Como o Ubuntu não conta com um ecossistema de aplicações, o recurso compila informações e conteúdo de serviços online numa espécie de timeline universal.

Nos aspetos técnicos, o Meizu Pro 5 conta com um ecrã AMOLED de 5,7 polegadas com resolução Full HD de 1920 x 1080 pixels, 3 GB ou 4 GB de RAM de acordo com o modelo, chipset Samsung Exynos 7420, 32 GB ou 64 GB de memória para o armazenamento interno, expansível via cartão microSD de até 128 GB, câmara principal de 21 megapixels, câmara frontal de 5 megapixels e bateria de 3.050 mAh.

Uma das surpresas do MWC 2016 foi a câmara térmica do modelo Cat S60 da empresa Cat. A partir de um sensor posicionado acima da câmara principal de 13 MP, é possível “ver” raios infravermelhos, radiação eletromagnética e enxergar no escuro com até 30 metros de distância. Alguns usos práticos da tecnologia são a deteção de vazamentos de gás ou água numa construção ou ver através de uma parede fina em missões de resgate e de trabalhos da polícia.

O corpo do aparelho também favorece atividades de alto desempenho, com um ecrã de 4,7 polegadas com o Gorilla Glass 4, e um corpo resistente a quedas de até 1,8 metros e à submersão na água até 5 metros durante uma hora.

O Cat S60 vem com o processador Snapdragon 617 octa-core, memória RAM de 3 GB e armazenamento de 32 GB expansível via cartão SD, câmera frontal de 5 MP, bateria de 3.800 mAh e sistema operacional Android 6.0 Marshmallow.