O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy, afirmou à Lusa que “houve um acordo de cavalheiros” na constituição da organização, para que o país que acolhe a sede (Portugal) não assuma o secretariado executivo.

Portugal quer apresentar um nome para o próximo secretário executivo da CPLP, que deverá ser aprovado na conferência de chefes de Estado e do Governo, que ocorrerá em julho no Brasil, quando este país assumir a presidência do bloco lusófono.

O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, afirmou hoje que há um acordo verbal que estipula que o país que acolhe a sede da CPLP abdica de apresentar candidatura para secretariado executivo e apelou à negociação na comunidade para a eleição.

Contactado pela Lusa, o atual secretário executivo, Murade Murargy, confirmou essa versão: “Dizem que é de 1996, quando foi a constituição da CPLP. Segundo dizem, houve um acordo de cavalheiros, não escrito”.

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Murade Murargy sublinhou ainda que esta é uma matéria que não lhe diz respeito e que devem ser os governos a encontrar uma solução.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, já garantiu que Portugal apresentará um nome para o cargo de secretário-executivo.

“Este é um ano muito importante. Aprovaremos na próxima cimeira, no Brasil em julho, a nova visão estratégica da CPLP estamos a participar ativamente nesse processo. Cabe a Portugal apresentar a candidatura ao próximo secretário ou secretária-executiva da organização. Temos aí uma responsabilidade muito importante, que evidentemente não declinaremos”, declarou, na abertura do seminário diplomático, em janeiro.

Murade Murargy referiu que a experiência internacional vai no sentido de o país que tem a sede da organização não apresentar o respetivo secretário.

O responsável exemplificou que os norte-americanos não se candidatam à Secretaria-geral das Nações Unidas, França não se candidata à Francofonia ou à Unesco nem Inglaterra à Commonwealth.