A agência de “rating” norte-americana Standard & Poor’s (S&P) decidiu nesta sexta-feira manter o rating de Portugal no mesmo nível de lixo, reiterando a perspetiva estável. A agência fala em riscos para a “estabilidade a longo prazo” do governo, mas mostra-se tranquila quando ao défice.

“A nossa expectativa é que o novo governo, liderado pelo Partido Socialista e apoiado pelo Bloco de Esquerda e pelo Partido Comunista Português, irá continuar empenhado com políticas que promovam a continuação da consolidação orçamental, respeitando as regras europeias de um modo geral”, nota a agência de rating em comunicado difundido esta sexta-feira ao mercado.

Contudo, a S&P diz que “a estabilidade a longo prazo do governo pode ser colocada em causa caso haja um crescimento económico mais baixo do que o esperado nos planos orçamentais, caso seja necessário aplicar mais medidas de redução do défice e à medida que seja necessário tomar um papel ativo no fortalecimento do setor financeiro”.

O rating da S&P ficou, assim, no nível de BB+. É o nível menos negativo quando se fala em notações de risco consideradas de alto risco (vulgo, lixo). O outlook associado a este rating é, assim, estável, pelo que não se antecipam alterações positivas ou negativas para a notação de BB+ nos próximos tempos.

“O nosso outlook estável coloca nos pratos da balança as nossas projeções de uma recuperação económica que deverá continuar a ser modesta e uma consolidação orçamental gradual nos próximos dois anos e, no outro lado da balança, os riscos de enfraquecimento do clima económico externo, a lenta redução do endividamento do setor privado, os riscos no setor financeiro e possíveis desvios económicos ou orçamentais.

A S&P é a segunda agência no espaço de alguns dias que atualizou a notação de risco da dívida pública portuguesa. No dia 4 de março, a Fitch Ratings decidiu retirar o outlook positivo que tinha para a dívida portuguesa, mantendo o rating, também, em BB+. A agência de notação de crédito disse, na altura, que temia uma “rutura” da coligação governativa em 2016 ou nas negociações para o Orçamento do Estado para 2017.

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